O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, decretou a Lei de Emergências para tentar frear o protesto dos caminhoneiros contra as restrições da covid, que entram na terceira semana.
É a primeira vez na história do país que essa lei de 1988, a mais poderosa para enfrentar uma emergência nacional, é utilizada.
Isso significa que sem necessidade de ordem judicial, os bancos poderão congelar contas pessoais de qualquer pessoa ligada ao Comboio pela Liberdade, liderado por caminhoneiros.
O seguro do veículo de qualquer pessoa envolvida com os protestos também pode ser suspenso.
Trudeau disse ainda que a polícia receberá “mais ferramentas” para prender ou multar manifestantes e proteger a infraestrutura crítica.
Acrescentou que as medidas seriam por tempo limitado, utilizadas de forma “razoável e proporcional” e não via militares sendo mobilizados.
A Lei de Emergência entra em vigor imediatamente, mas ela deve ser aprovada pelo Parlamento (Câmara) e pelo Senado em uma semana, caso contrário será revogada.
OPINIÕES DIVIDIDAS
Anunciada na tarde de segunda-feira (14), a estratégia de Trudeau gera polêmica.
Os líderes de partidos políticos federais canadenses afirmam que é hora de os protestos – que tiveram impacto nas cadeias de suprimentos, na economia nacional e nas relações do país com os EUA – terminarem.
Mas, nem todos apoiam explicitamente o uso dessa lei e muitos acreditam que vai incendiar ainda mais a situação.
A Associação Canadense de Liberdades Civis alertou que a medida “ameaça nossa democracia e nossas liberdades civis”.
A líder do protesto de Ottawa, Tamara Lich, rejeitou a decisão, dizendo à AP News: “Não há ameaças que nos assustarão. Vamos manter a linha”.
“Não temos medo. Toda vez que o governo decide suspender ainda mais nossas liberdades civis, nossa determinação se fortalece e a importância de nossa missão se torna mais clara”, afirmou.
E acrescentou:
“Permaneceremos pacíficos, mas plantados no Parlamento até que os mandatos sejam definitivamente encerrados. Reconhecemos que existe um processo democrático dentro do qual a mudança ocorre. Nunca saímos desse processo, nem pretendemos fazê-lo.”
Os primeiros-ministros de Quebec, Manitoba, Alberta e Saskatchewan já haviam dito que os os poderes da lei emergencial não eram necessários em suas regiões.
Cerca de 500 caminhoneiros permanecem estacionados na capital do Canadá há 18 dias e são apoiados por cidadãos. Eles dizem que só saem de lá quando os mandatos de vacinas obrigatórias forem revogados.
E agora?