Os estudos com a vacina Coronavac continuam suspensos no Brasil até que haja uma avaliação do comitê internacional independente sobre o caso, como é de praxe nos estudos clínicos.
A declaração foi dada pela Anvisa, a Agência de Vigilância Sanitária, em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (10).
A agência informou ter recebido às 18h de segunda-feira (9) a informação de um evento adverso grave não esperado. E que não tinha informações ainda sobre um eventual suicídio do voluntário, como foi noticiado nesta terça-feira.
“Não poderíamos correr o risco de que mais voluntários fossem vacinados. Usamos o princípio da precaução. Na dúvida, não podemos arriscar”, disse Gustavo Mendes, da Anvisa.
Ele acrescentou que “não podemos correr o risco de expor pessoas a uma vacina sem segurança, qualidade e eficácia. Até hoje não temos nenhuma que cumpra esses requisitos”.
Antonio Barra Torres, diretor da Anvisa, afirmou que a agência reguladora é pautada pelos dados confiáveis e rastreáveis do comitê internacional, formado por especialistas independentes que não estão vinculados aos grupos de estudos e aos desenvolvedores da vacina. “
“São eles que investigam e nos informam. Não estamos diante de nenhuma brincadeira de criança. Se não são avaliações do comitê, para nós não têm valor”, afirmou Torres.
A diretora Alessandra Bastos explicou ser de praxe nos estudos clínicos que, quando ocorre um “efeito adverso grave não esperado”, a suspensão dos estudos é imediata. Se for um efeito adverso grave esperado, os ensaios prosseguem.
Na manhã de hoje, houve uma reunião com o grupo técnico do Instituto Butantan para ajustar o fluxo de informações, tendo em vista o impacto que causa um evento adverso grave.
“Não podemos acelerar os processos de cautela e segurança”, disse Gustavo Mendes.
Ao longo de toda a entrevista, os diretores da Anvisa reafirmaram que essa decisão seguiu os protocolos internacionais das boas práticas clínicas e que não está vinculada a questões políticas.
“O que cada cidadão brasileiro não precisa hoje é de uma Anvisa contaminada pela guerra política. Não tecemos comentários dessa natureza. Não somos pagos para isso”, disse Torres.
Ele informou ainda que todo material para a produção de vacinas que chegar ao Brasil será inspecionado por ser a prática correta em todos os processos e que estão mantidas as visitas de técnicos da Anvisa às fábricas Sinovac e da AstraZeneca, na China .