Você está acordando mais triste? Perde o controle diante de simples situações cotidianas? Grita com alguém à toa, já começa a se sentir desesperado e com medo de ficar sem dinheiro para pagar as suas contas?
Saiba que não é o único a se sentir assim. Esses são sintomas cada vez mais recorrentes nessa pandemia que colocou o mundo em quarentena.
O neurocientista Fernando Gomes, livre docente do Hospital das Clínicas de São Paulo, alerta que cuidar da nossa mente agora é fundamental para atravessar essa crise.
Ele exemplifica usando dados do que aconteceu na China durante o surto de coronavírus com a saúde mental da população.
Das cerca de 7.236 pessoas estudadas, 35% delas se declararam ansiosas, 20% depressivas e 18% com distúrbios do sono.
Um outro estudo chinês, feito com 1.257 profissionais de saúde em 34 hospitais, entre 29 de janeiro e 3 de fevereiro de 2020, apontou que mais de 70% deles estiverem sob estado de grande estresse, 50% entraram em depressão, 45% ficaram mais ansiosos e 35% se queixaram de insônia.
O médico chama ainda a atenção para outro fator, ainda mais alarmante: o suicídio.
“No Brasil, 11 mil pessoas tiram a própria vida e no mundo esse número chega a 800 mil todos os anos. Diante dessa pandemia, a tendência é que os os números alavanquem ainda mais”, diz.
Analisando o cérebro fisicamente, o médico diz que são os lobos frontais os responsáveis pela criatividade e imaginação. É nessa região que são produzidos pensamentos que podem atrapalhar o auto controle durante o isolamento social.
“Gerenciar pensamentos, administrar a ansiedade e usar o racional são palavras de ordem nessa quarentena, já que estamos diante de uma grande crise”, recomenda.
Mas, como gerenciar tudo isso?
Para o especialista em medicina comportamental há mais de 20 anos, “podemos usar esse momento para desenvolver sentimentos bons, como o de gratidão, e da nossa participação individual e coletiva no qual ninguém está sozinho, apesar de estarmos geograficamente longe uns dos outros.”
Gomes ressalta que pessoas com um certo desequilíbrio mental ficam predispostas a tomar condutas inadequadas e até mesmo perigosas com a super proteção de si mesmas ou buscarem de suicídio como válvula de escape.
Segundo ele, duas técnicas podem ser utilizadas agora para gerenciar os pensamentos e atravessar a fase com mais tranquilidade: meditação com exercícios de respiração.
“Cuidar-se neste momento é fundamental. Precisamos propagar a transmissão da resiliência da mente humana bem mais rápido do que a do coronavírus”, alerta.