Dificilmente os italianos vão esquecer os dias 7 e 8 de março, um fim de semana em que 16 milhões de pessoas, um quarto de sua população, foram isoladas na região da Lombardia, no norte.
Cinemas, teatros, museus, academias, escolas, igrejas e atrações turísticas também estão fechados em todo o país. Lojas só podem ficar abertas se houver uma distância de um metro entre as pessoas. Caso contrário, os proprietários serão multados.
O papa Francisco fez sua homilia dominical por streaming e se aproximou dos fiéis, por meio de telões, na Praça São Pedro, na Cidade do Vaticano.
Papa gravou o Angelus na biblioteca do Vaticano e fiéis assistem pelo telão Foto Vaticano News |
Cidades, como Milão e Veneza, amanheceram neste domingo (8) tão desertas quanto Wuhan, na China, logo no início do surto. A catedral Duomo, símbolo de Milão, voltou a fechar.
Milão neste domingo: tudo vazio Foto Twitter |
Essas medidas – as mais drásticas até agora – foram anunciadas pelo primeiro-ministro Gioseppe Conte, na noite de sábado (7) diante do crescimento da epidemia de coronavírus.
Em apenas 24 horas, houve aumento de 57% no número de vítimas fatais: 366 pessoas morreram, 622 foram curadas e mais de 6 mil infectadas.
Agora, 14 cidades da Lombardia estão no que eles chamam de zona vermelha. Ninguém entra, ninguém sai. Viagens e demais deslocamentos, somente em casos de emergência. A Alitalia suspendeu seus voos e conexões no aeroporto de Malpensa, em Milão.
Surpresas e assustadas milhares de pessoas invadiram na noite de sábado as estações ferroviárias de Milão, quando souberam que toda a região seria isolada. Muitos queriam retornar para suas casas, enquanto outros buscavam se abrigar no sul do país.
A situação atual da Itália, o segundo país do mundo com o maior índice da doença, repercutiu mundialmente e dividiu a opinião dos administradores de algumas regiões, que consideraram o decreto muito radical.
Mas, a Organização Mundial de Saúde elogiou os esforços do governo italiano para conter a disseminação do vírus Codi-19, oferecendo todo o seu apoio.
O Ministério das Relações Exteriores estima que entre 70 mil e 90 mil brasileiros estão ou vivem nessa área. Nenhum ainda pediu para ser repatriado.
Dezenas de turistas brasileiros também estão remarcando ou cancelando suas viagens para a Itália.