Você é a favor ou contra a posse de armas? A pergunta está bombando nas redes sociais e nos telejornais desde a última terça-feira (15), quando o presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto flexibilizando a posse de armas no país.
Tem muita gente comentando o que nem sabe. Há especialistas que fazem comentários fundamentados em posições partidárias – e não em números reais. Afinal, o estatuto do desarmamento foi assinado no governo Lula, em 2014. A questão vai além da ideologia política. Estamos falando da vida humana. E ela é apartidária. É única!
Assistimos diaria e impassivamente aos crimes mais bárbaros, envolvendo bebês, crianças, jovens, mulheres e homens. Não há preferências por idade, status social, profissão ou partido político. Muito menos por pistolas. Mata-se a pauladas, a facadas, atirando pessoas da janela de prédios ou estuprando bebês. Só em 2017, o país teve 64 mil homicídios.
ROLETA RUSSA
Todos os dias, perdemos amigos, familiares, filhos e pais vítimas da violência. Os bandidos atiram mesmo depois que a vítima entregou tudo o que tinha: seus bens materiais e a dignidade.
Só quem teve uma arma apontada na cabeça, sabe avaliar a dor da rendição à violência. A gente se sente violentada nas entranhas. E essa situação deixa marcas profundas. Afinal, a sua liberdade de ir e vir, ou a própria casa, foi interceptada por um sujeito que deixou cicatrizes em seu emocional.
Não adianta colocar a culpa somente na falta de segurança pública, porque os policiais hoje também são vítimas dessa situação. Só no ano passado mais de 100 deles foram mortos em combate com marginais. É impossível vigiar a todos ao mesmo tempo nas grandes cidades de um país comandado pelo crime organizado que tem armas muito mais potentes do que as da polícia.
Estamos cada vez mais trancados em nossas casas, monitoradas por câmeras de segurança, cercas elétricas e alarmes. Mesmo assim, o medo é constante ao entrar e sair. Há sempre uma tensão. Quem mora em prédios, precisa de chave digital e biometria para se locomover, porque as regras de segurança nos condomínios estão cada vez mais rígidas. Viramos presidiários do lar.
Enquanto isso, os bandidos andam soltos e protegidos até agora pela impunidade que permeou o Brasil nas últimas décadas. A polícia prende. A Justiça solta mediante o pagamento de custódia, por meio de indultos e até da suprema corte . Em maio de 2018, um dos ministros do STF libertou 12 traficantes já condenados pela Justiça do Ceará. E tem mais: se você matar algum em legítima defesa, será processado, julgado e pode ir para a cadeia.
A primeira grande luta foi contra a corrupção. Agora, o desafio é combater o crime organizado e toda a violência que ele gera. Os marginais precisam ter respeito à lei por saber que ela será cumprida. Precisam saber que, se andarem ostentando seus fuzis, podem ser abatidos pelos snipers (atiradores de elite da polícia) e até mesmo pelo dono daquela residência que vão assaltar.
Por isso, cabe a cada cidadão escolher se quer ou não ter uma arma legalizada ou não em sua casa. E, claro, ter responsabilidade civil sobre ela, deixando fora do alcance de crianças, em cofres ou em lugares mais seguros. Isso é básico.
Não cabe ao governo definir como o cidadão vai proteger a própria vida dentro de casa. O poder público cuida do coletivo, equipando a polícia e criando um novo sistema prisional em que chefes de facções não comandem dos presídios ações externas armadas com seus celulares, sem cunplicidade. Nós escolhemos se vamos comprar armas ou não.
Claro que a medida é polêmica, divide opiniões e gera debates intermináveis, além de cansativos. Acredito que a fase atual é de mais ação, menos discussão e conspiração. Há muito o que consertar no Brasil. Os primeiros passos estão sendo dados agora. Se eles vão dar certo? Ainda é cedo para saber ou fazer previsões alarmistas.
Deixem o ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, trabalhar rar e o cidadão exercer o seu livre arbítrio.
#possedearmas