POR ALAIN ROUSSEAU
Paris é certamente uma das cidades do mundo com o maior número de museus.
Estima-se que existam mais de 150! O Louvre, o Musée d’Orsay e o Centre Georges Pompidou são mundialmente famosos, mas alguns deles são igualmente interessantes, porém um pouco menos conhecidos.

Neste primeiro dia de primavera, convido-o a descobrir o Musée Cernushi, o Museu de Arte Asiática e, mais especificamente, os do Extremo Oriente: China, Japão, Coreia e Vietnã.
ORIGENS
O museu nasceu do legado das coleções de Henri Cernuschi para a cidade de Paris em 1896. Financista e político, Cernushi decidiu, em 1871, viajar pelo mundo com um amigo. Ele chegou ao Japão atravessando os Estados Unidos, depois a China, a Mongólia, a Indonésia, a ilha do Ceilão e a Índia.


Trouxe de volta nada menos que 5 mil objetos, principalmente bronzes japoneses e chineses.
Em 1873, decidiu construir um hôtel particulier (uma mansão) na avenida Vélasquez, 7, na esquina do Parc Monceau, para abrigar sua coleção e apresentá-la ao público.
Desde o início, o espaço foi projetado como um museu para exibir sua coleção.
Após sua morte, ele legou sua mansão e suas coleções à cidade de Paris, que a abriu como museu em 1898, tornando-a um dos museus mais antigos da cidade luz.
COLEÇÃO
Com mais de 15 mil obras, é uma das cinco maiores coleções de arte chinesa da Europa.
A coleção de bronze do Musée Cernuschi (com mais de mil obras) é uma das mais importantes do mundo. Ele também possui uma coleção única na Europa de pintores representativos da China Imperial sob as dinastias Ming (1368-1644) e Qing (1644-1911), bem como uma bela coleção de pinturas chinesas modernas da primeira metade do século 20. Muitos desses pintores modernos optaram por viver a maior parte de suas vidas de pintura em Paris, onde fizeram a transição da arte chinesa antiga para a moderna.
Na maior sala do edifício, não deixe de ver a imponente estátua de quatro metros de altura do Grande Buda de Meguro, sentado com as pernas dobradas e fazendo um gesto de bênção com a mão direita.
O museu também possui algumas coleções coreanas e vietnamitas muito boas.
O QUE VER AGORA
Até 4 de maio, o Musée Cernuschi apresenta a primeira grande retrospectiva na França de três pioneiros da arte moderna vietnamita: Lê Phô (1907-2001), Mai-Thu (1906-1980) e Vu Cao Dam (1908-2000).

A exposição reúne 150 obras dos três artistas, traçando suas carreiras desde a formação na Escola de Belas Artes de Hanói até o final de suas longas carreiras na França, a partir de 1937.
Concebida em estreita colaboração com as famílias dos artistas, que abriram seus arquivos, a exposição refaz a ousada carreira desses três amigos, que amavam seu país natal tanto quanto a França, tendo como pano de fundo as mudanças políticas e as relações entre os dois países ao longo do século 20.
Fotografias antigas, desenhos de seus anos de formação e esboços preparatórios são exibidos ao lado de suas obras em seda, óleo sobre tela, telas laqueadas e esculturas em gesso ou bronze. A combinação de técnicas e materiais extraídos das tradições ocidentais e asiáticas é emblemática de seu trabalho, que se tornou cada vez mais popular no mercado de arte nos últimos trinta anos.
Para descobrir!

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.