O vinho Isabela Syrah 2023, da vinícola Maria Maria, em Boa Esperança, sul de Minas, conquistou medalha de ouro e a nota histórica de 96 pontos, na edição de 2025 do Decanter World Wine Awards (DWWA), uma das mais estreladas competições globais do setor. Foi o único brasileiro a conseguir o ouro em 2025 e ainda o mais bem pontuado do país na história do prêmio.
O Decanter World Wine Awards, que fica em Londres, é a maior competição de vinhos do mundo, avaliando anualmente dezenas de milhares de rótulos de mais de 50 países. Um júri composto por centenas de especialistas conduz degustações às cegas para garantir total imparcialidade. Nesse contexto, uma medalha de ouro (concedida apenas a vinhos com 95 ou 96 pontos) e o título de vinho mais bem avaliado do Brasil na história do concurso conferem um selo de qualidade e reconhecimento global indiscutível.
O nome do vinho foi dado em homenagem à enóloga da casa, Isabela Peregrino. Elaborado 100% com a uva Syrah, produzida na fazenda Capetinga, e vinificado em tanques de aço inox, sem passagem por barricas de carvalho, o rótulo foi pensado para destacar a qualidade da fruta.

“A ausência de madeira revela a intensidade da fruta, com notas de frutas vermelhas e negras maduras, um toque de couro e as especiarias características da Syrah cultivada aqui, como pimenta-do-reino, cravo e canela”, explica a enóloga.
O vinho foi resultado de várias vinificações em parcelas, com tempos de maceração variando entre dez e 20 dias, que depois foram cortados entre si. O resultado é um vinho elegante, de taninos macios, acidez equilibrada, fácil de beber e que pode acompanhar desde um aperitivo até um jantar, ou um churrasco.
Para o engenheiro agrônomo Eduardo Junqueira Nogueira Neto, diretor comercial da Maria Maria, o resultado é um divisor de águas para a vitivinicultura mineira: “Esperamos que isso abra portas, atraia o enoturismo para a nossa região e mostre ao mundo que em Minas não se faz só café e queijo de excelência, mas também vinhos de classe mundial”, celebra.
DO CAFÉ AO VINHO
A família Junqueira Nogueira, com seis gerações de tradição na cafeicultura em Três Pontas (MG), viu o rumo dos negócios mudar após um susto. Em 2006, o patriarca Eduardo Nogueira sofreu um infarto e, por recomendação médica, passou a incluir o vinho em sua rotina. O que era um hábito de saúde virou uma paixão. Ele começou a estudar, viajar e, em 2007, descobriu os trabalhos do pesquisador Murilo Regina, da Epamig, que desenvolviam uma técnica inovadora: a dupla poda.
Essa tecnologia, também chamada de ciclo invertido, consiste em podar a videira duas vezes ao ano para forçar a colheita durante o inverno. Diferente do Sul do Brasil e de outras regiões vinícolas mais tradicionais, onde a colheita ocorre no verão, em Minas essa época do ano não é propícia para a produção de uvas de qualidade.
Já o inverno é seco, com dias de sol forte e noites frias, condição climática perfeita para a fruta, que concentra mais açúcares, desenvolve precursores de aromas e sabores e fica livre de doenças fúngicas. A Maria Maria foi uma das pioneiras a adotar a técnica, plantando suas primeiras videiras em 2009.
O nome da vinícola é uma homenagem ao amigo da família e ícone da música brasileira, Milton Nascimento. E cada rótulo homenageia o nome de uma mulher importante na história da empresa.
Atualmente, a Maria Maria tem em portfólio o Juliana, um Rosè Syrah 2024; o Júlia, um Sauvignon Blanc 2024; o Gaia, um Syrah, 2021; o Gaia, Gran Reserva Syrah 2021; e o premiado Isabela, um Syrah 2023.
Vida longa à vinícola mineira!