Por ALAIN ROUSSEAU
O calor está de volta e os parisienses, que raramente têm ar-condicionado em casa, estão procurando lugares frescos com árvores. Na agenda: piqueniques, conversas noturnas com amigos, momentos românticos com seu parceiro, “pétanque” (petanca, jogos de bolas).
Mas, cuidado! Não se trata de ir aos parques e jardins mais conhecidos da capital, como o Tuileries, o Luxemburgo, o Palais Royal ou a Place des Vosges, que costumam estar lotados e sem tranquilidade.
Aqui, está um tour por cinco jardins secretos, no coração da cidade luz, que os parisienses adoram!
JARDIM BALZAC
No chique 16º arrondissement, em Passy, esse jardim fica escondido e é perfeito para tomar sol em paz. O jardim da casa do grande escritor Honoré de Balzac, onde ele escreveu La Comédie Humaine por sete anos, oferece uma vista de tirar o fôlego da Torre Eiffel.
Cerca de 650 m² estão disponíveis para relaxar ao sol, ler em um banco ou saborear um dos excelentes bolos oferecidos pela cafeteria inglesa Rose Bakery. É o lugar perfeito para combinar relaxamento e cultura, deixando a agitação da capital para trás por um tempo.
JARDIN DES PLANTES
O museu Jardin des Plantes esconde o jardim mais secreto de Paris, embora o segredo esteja agora indicado por uma placa. No entanto, ainda é difícil acessá-lo porque não há portões de entrada e ele está totalmente escondido dentro de outro jardim. É preciso passar pelo Jardin de École de Botanique, no coração do parque para alcancá-lo.
Quando estiver no meio do jardim, você verá um caminho subterrâneo que leva a esse jardim alpino escondido. Aqui você pode descobrir jardins de pedras e plantas selvagens das montanhas. É um refúgio de paz, um verdadeiro casulo para uma pausa bucólica.
Criado na década de 1930 por iniciativa de André Guillaumin, um botânico, tem como objetivo mostrar a flora alpina e mediterrânea.
Na França, esses jardins são conhecidos como Jardin Alpin, e reúnem plantas selvagens das montanhas, coletadas principalmente nos Alpes. O jardim Jardin des Plantes contém nada menos que 2 mil espécies de plantas de montanha e 32 jardins de pedras diferenciados de acordo com as áreas geográficas (Alpes, Cáucaso, Himalaia etc.) e ambientes de montanha reconstruídos (turfeiras, cascalho, megaphorbia etc).
JARDINS DOS ARQUIVOS
No coração do histórico bairro do Marais, encontra-se um jardim encantado pelo qual os parisienses muitas vezes passam sem saber. No entanto, depois de descobrir os jardins dos Archives Nationales e seus 8 mil m2 de vegetação, você se perguntará como pode ter perdido essa pepita secreta!
O jardim é um agrupamento de vários jardins que já pertenceram a mansões particulares e pode ser explorado por meio de quatro paisagens. À direita, os jardins dos hôtels d´Assy e Breteuil apresentam um rio e árvores magníficas, incluindo a única castanha-da-índia da cidade. É o jardim perfeito para um momento romântico e íntimo no coração de Paris.
JARDIM ORIENTAL
O jardim da Grande Mesquita de Paris não é simplesmente um local de beleza ou relaxamento, mas expressa o equilíbrio entre a natureza e a espiritualidade, refletindo os valores de beleza, calma e serenidade, contemplação e meditação, que são a essência da fé.
O jardim está de acordo com esse conceito. Semelhante aos jardins da Alhambra, em Granada, na Espanha, ele se estende por 3,5 mil m² e representa metade da superfície total do edifício.
Composto por vários ambientes, pretende representar o Jardim do Éden, com suas árvores, flores e rede de piscinas formando um rio entre as colunatas. No lado oeste. está o Jardim do Prazer, que lembra os frutos e as delícias do paraíso, com suas árvores frutíferas variadas, enquanto no lado leste está o Jardim dos Firmes. O caráter religioso do local acrescenta uma dimensão espiritual extra.
JARDINS DO MUSEU ALBERT KAHN
Localizado nos arredores de Paris, em Boulogne-Billancourt, é acessível pela linha 10 do metrô. Esse jardim apresenta sete cenários paisagísticos diferentes que interagem entre si, incluindo a Floresta de Vosges, o Jardim Inglês e o Jardim Japonês Contemporâneo.
Projetado pelo banqueiro Albert Kahn, no início do século passado, o jardim de quatro hectares é uma completa mudança de cenário.
O Jardim Japonês Contemporâneo, projetado nos anos 1990 pelo arquiteto paisagista Fumiaki Takano, foi construído em torno da água, o que evoca a vida de Albert Khan. Aqui você pode descobrir uma ponte vermelha e ser seduzido pelas cores das flores e pelo lago onde carpas coloridas ziguezagueiam.
Em seguida, passamos para o jardim inglês, que se caracteriza por uma sensação de abandono da natureza. Esse espaço bucólico apresenta um gramado florido, rochedo, lago e cachoeira.
Mais surpreendente é o jardim da Floresta de Vosges. À sombra de coníferas e árvores de folha caduca das montanhas, Albert Khan recriou a floresta onde cresceu, usando blocos de granito para pontuar o caminho de terra.
ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.