ALAIN EM PARIS: BRASSERIES COM O MELHOR DA CULINÁRIA FRANCESA!

Essas casas, símbolo gastronômico da capital francesa, são a alma da cidade!

Por ALAIN ROUSSEAU

O que poderia ser mais parisiense do que uma brasserie? Não exatamente um bistrô e menos formal que um restaurante, as brasseries são a alma de Paris. Aqui está um pequeno roteiro de um símbolo culinário da cidade luz, com quatro endereços para descobrir, sem moderação.

CONHECENDO A ORIGEM

Etimológica e historicamente, uma brasserie é o nome do local onde a cerveja é produzida.
Por semelhança semântica, o termo brasserie também se refere a um estabelecimento que funciona tanto como bar – onde a cerveja é servida em particular, mas não exclusivamente – quanto como restaurante.
A principal diferença entre uma brasserie e um restaurante é a oferta gastronômica. Em uma brasserie, você sempre encontrará os mesmos pratos, que geralmente são especialidades gastronômicas francesas típicas. Esses pratos típicos incluem chucrute, steak tartare, steak frites, caracóis, blanquette de veau, boeuf bourguignon, osso buco, rognons (rins) e pratos de frutos do mar.
Foi entre a guerra Franco-Prussiana e a Primeira Guerra Mundial, que as brasseries floresceram em Paris c com a chegada da cerveja trazida pelos alemães – até então, o vinho era a principal bebida na cidade. O mundo da arte e da cultura era cada vez menos frequentado por socialites, e os parisienses não convidavam uns aos outros para suas casas.
Assim, esses estabelecimentos se tornaram cenáculos literários. Oscar Wilde podia ser visto bebendo com o pintor Toulouse-Lautrec, e Courbet com Jules Vallès. Além dos encontros ardentes e das festas retumbantes, a história desses lugares míticos também é marcada por momentos mais sinistros, durante os quais as lâminas das facas brilham, a prostituição é abundante, uma explosão soa…

Abaixo, compartilho com vocês minhas quatro brasseries favoritas.

LE GRAND COLBERT

Foto Alain Rousseau

Localizada na rue Vivienne, 2, entre La Bourse e os jardins do Palais Royal, em uma casa
do século 17, tornou-se uma brasserie em 1900. Tendo renovado todos os seus detalhes originais em 1985, o grande salão apresenta um volume arquitetônico impressionante, paredes de seis metros de altura e relíquias, incluindo pilastras esculpidas. Há também pinturas em estilo pompeiano sobre madeira, listadas como arte histórica, e mosaicos raros no piso. O cardápio é clássico, com arenque e maçã em óleo à vontade no inverno, e um delicioso pudim de arroz como sobremesa!

LE VAUDEVILLE

Foto Alain Rousseau

A poucos passos do Grand Colbert fica esta brasserie, que foi inaugurada em 1918. Localizada em frente à antiga Bolsa de Valores, ela manteve sua decoração art déco projetada pelos irmãos Solvet, com todo o mármore, madeira entalhada, vidro gravado, iluminação de época e ferragens que você poderia desejar. O serviço à moda antiga é impecável e muito eficiente. Como fica próxima à Opéra Comique e a muitos teatros, fica aberta até tarde da noite. No verão, o terraço é imperdível, e os pratos de frutos do mar, também.

TRAIN BLEU

Almoçar ou jantar no Train Bleu (trem azul, em português) é como voltar no tempo e se sentir como um parisiense na virada do século passado. Localizada na estação ferroviária Gare de Lyon, foi inaugurada em 7 de abril de 1901 pelo presidente da república francesa, Emile Loubet, por ocasião da Exposição Universal, junto com o Grand Palais, o Petit Palais e a ponte Alexandre-3º. O acesso é feito a partir do cais por uma grande escada em espiral dupla. Originalmente, as cozinhas ficavam no sótão, com os alimentos sendo transportados por sete elevadores elétricos. O teto tem 8 metros de altura.
Se você olhar para cima, verá que as três pinturas no teto do salão principal são dedicadas às três maiores cidades da França: Paris, Lyon e Marselha.
Renomeada na década de 1960, ela deve seu nome ao mítico Train bleu Paris-Vintimille (trem expresso Paris-Marselha-Nice-Monaco-Vintimille), de 1868, que segue a rota litorânea da Côte d’Azur ao longo do mar Mediterrâneo.
A casa apresenta todos os grandes clássicos da culinária gastronômica francesa, incluindo salsicha de pistache em brioche, costeleta de vitela assada da fazenda “Foyot”, vacherin glacé “Train bleu”, Baba au rhum ambré real “Saint James”, steak tartare, foie gras etc.


BOFINGER

Fundada em 1864 por Frédéric Bofinger, um alsaciano de Colmar, começou como um pequeno bistrô. Aos poucos, Bofinger comprou as lojas vizinhas e, em 1900, reuniu-as para criar uma cervejaria.
Após a Primeira Guerra Mundial, a brasserie foi ampliada e redecorada no estilo art nouveau pelo arquiteto Legay e pelo decorador Mitgen.
Nossos leitores cariocas ficarão encantados ao encontrar no salão principal o mesmo teto de vidro da Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias.
No cardápio, pratos tradicionais da Alsácia, como chucrute, pão tipo Kougloff, suflê flambado com Grand Marnier… sem esquecer a tradicional culinária francesa.
Durante as apresentações da ópera da Bastilha, esse é o restaurante da elite de Paris.

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

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