ALAIN EM PARIS: CONHEÇA O TEMPLO BUDISTA QUE POUCOS TÊM ACESSO!

A coluna visitou com exclusividade a Maison Loo, hoje um museu privado no centro da capital, construído por um chinês em 1926. É poderoso!

POR ALAIN ROUSSEAU

Esta semana, convido vocês para uma visita VIP. Vou levá-los a descobrir um local único e insólito no elegante 8º arrondissement, na rue de Courcelles, nº 48: o Pagode Rouge ou Maison Loo. O edifício está fechado ao público e só pode ser visitado mediante convite para eventos aos quais tive a sorte de ser convidado.

Sim, você leu bem, escrevi pagode, não a música de Zeca Pagodinho, mas um templo budista como os que existem em Bangcoc, na Tailândia, ou em Pequim, na China, mas este fica bem no centro de Paris!

Fachada da Maison Loo, no centro de Paris Foto Divulgação

O pagode parisiense não é, de forma alguma, um edifício religioso, mas simplesmente o resultado do amor de um homem pelo seu país de origem – a China – e da sua vontade de o partilhar com o seu país de adoção – a França.

Ching Tsai Loo, que chegou em Paris em 1902, é um comerciante de arte de sucesso fulgurante. Ele comprou um palácio construído em 1880, em estilo clássico francês, para exercer sua atividade a poucos passos do Parc Monceau. Loo teve sorte, pois naquela época não era necessário que os proprietários obtivessem licença de construção. Uma oportunidade única para quem deseja adicionar um pouco de fantasia ao seu dia a dia.

Um dos ambientes no andar térreo do templo Foto Alain Rousseau

O arquiteto Fernand Bloch foi então encarregado de transformar este edifício do século XIX numa suntuoso pagode de inspiração chinesa. A mansão foi elevada em dois andares, o telhado reconstruído, todo o edifício pintado de vermelho, os beirais foram elevados em curvas graciosas e revestidos com telhas esmaltadas. O portão com suas duas colunas e seu telhado em forma de apóstrofo foi decorado com esculturas chinesas. Parece que estamos na Cidade Proibida de Pequim!

A construção, concluída em 1926, suscitou, evidentemente, muitas reclamações e até mesmo uma petição da vizinhança para sua demolição. Felizmente, a Maison Loo ainda está de pé.

No interior, a decoração é ainda mais exuberante. No térreo, há duas salas de estar, incluindo a sala dos cavaleiros, decorada com frisos de carros e revestida com um teto em caixotões no qual lutam dragões chineses, inspirados em relevos da época Han. No 1º andar, descobrimos a sala dos mil pássaros, que abriga duas salas revestidas com painéis de laca chinesa do século XVIII, provenientes de Shanxi, uma província do nordeste da China. Sem esquecer, entre outras maravilhas, a galeria indiana do 4º andar.

Vale ressaltar que até mesmo a caixa do elevador é em estilo chinês, com suas esculturas em madeira preciosa. Para seu proprietário, o pagode é menos um local de vida e mais um museu destinado a armazenar sua vasta coleção de obras de arte.

As esculturas do museu privado Foto Alain Rousseau

Vendido em 2011, o Pagode Rouge foi totalmente renovado e continua sua atividade de acordo com os desejos de seu ilustre fundador, ou seja, ser um elo cultural entre a França e a China. Hoje, é um museu privado, que oferece exposições e salões ao longo do ano.

Um lugar verdadeiramente extraordinário!

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

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