ALAIN EM PARIS: DESCOBRINDO A CATEDRAL DE VIDRO!

A Sainte Chapelle, no Palais Royal, Ile de la Cité, tem uma luz intensa e é um dos monumentos mais incríveis da capital francesa!

POR ALAIN ROUSSEAU

Quando faço uma lista de monumentos imperdíveis de Paris para meus amigos, sempre coloco a Sainte Chapelle, na Ile de la Cité, no topo da lista. Ela é um “paraíso reconquistado”, uma “cortina de vidro, uma confissão ardente feita de cores pulverizadas e pontos de luz”, como descreveu o escritor católico Paul Claudel.

Construída em menos de sete anos, um tempo recorde, a Sainte Chapelle foi projetada por Luís 9, conhecido como São Luís, para abrigar as 22 relíquias da Paixão de Cristo que ele havia adquirido, incluindo a Coroa de Espinhos e o fragmento da Verdadeira Cruz. Atualmente, restam apenas três dessas 22 relíquias: um fragmento da cruz, um prego e a coroa de espinhos, que agora estão guardados na Catedral de Notre Dame, em Paris.

O rei St Louis, que construiu a capela Foto Alain Rousseau

Danificada durante a Revolução Francesa, a capela foi restaurada no século 19. Ela está localizada no coração da residência dos reis Capetianos, na Île de la Cité, no Palais Royal, o precursor do Museu do Louvre. Há uma capela superior, na qual as relíquias da Paixão de Cristo são exaltadas e reservadas para o rei e seus convidados ilustres, e uma capela inferior usada pela equipe do palácio. A capela superior
era diretamente ligada aos apartamentos do rei por uma galeria (“la galerie mercière”, nome
dado em razão das inúmeras bancas ali existentes).

LUZ IMPRESSIONANTE

Durante a sua visita, sem dúvida, você ficará impressionado com a extrema leveza arquitetônica da capela superior e seus 670 m2 de vitrais, que a envolvem em uma luz extraordinária e intensa. Projetada como uma única nave de quatro compartimentos que termina em uma cabeceira de sete lados, sua forma de relicário lhe confere uma verticalidade impressionante e um brilho incomparável.

Divididos em 15 vitrais de 15 m de altura, as 1.113 cenas do Antigo e do Novo Testamento contam a história do mundo, de acordo com a Bíblia, até a chegada das relíquias a Paris no século 18.


Dois terços das janelas são originais. A rosa flamboyant é um exemplo extraordinário da flamboyance gótica do século 15, nome derivado dos efeitos flamejantes usados nos vitrais, e tem 87 pétalas.

O Palais Royal de la Cité com a Sainte Chapelle, em 1515

O pináculo, restaurado no século 19, é o quinto pináculo desde a construção original e se eleva 75 metros acima do solo. Em comparação, o pináculo de Notre Dame de Paris, que acabou de ser instalado novamente, mede 96 metros com o galo no topo.

DICA

Durante sua visita, você deve ler os vitrais da esquerda para a direita e de baixo para cima, linha por linha. Não há confusão de cenas, mas o design dos encaixes que delimitam os painéis destaca certos painéis em detrimento de outros.

VOCÊ SABIA?

Vista externa da Sainte Chapelle Foto Alain Rousseau

Desejando seguir os passos do rei São Luís, membros da família real ou príncipes de sangue decidiram posteriormente construir sua própria Sainte Chapelle, aumentando o prestígio de sua residência no processo.

Assim, as capelas santas reais e principescas incluem, além da de Paris, dez capelas construídas na França segundo seu modelo entre os séculos 13 e meados do século 16. Além da de Paris, seis dessas capelas sagradas sobrevivem até hoje, em Aigueperse, Champigny-sur-Veude, Châteaudun, Riom, Vic-le-Comte e Vincennes.

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

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