Alain em Paris: IGREJA DE REIS E RAINHAS É JOIA DA ARTE GÓTICA!

Banhada pela luz e com arquitetura excepcional, a Basílica de Saint-Denis abriga 43 reis, 32 rainhas, além de 60 príncipes e princesas!

POR ALAIN ROUSSEAU

Esta semana, convido vocês para uma grande viagem pela história da França.

No final da linha 13 do metrô, encontra-se uma das basílicas mais importantes do país. Refiro-me à Basílica Catedral de Saint Denis, necrópole real que abriga a maioria dos reis e rainhas da França desde o século VI!

Vamos abrir as portas e entrar na história com H maiúsculo?

A Basílica de Saint-Denis foi construída no século XII, sob a iniciativa do abade Suger, conselheiro de Luís VI e Luís VII. Ela foi gradualmente reconstruída em um estilo inédito, com princípios inovadores para a época, como as abóbadas com cruzes ogivais.

Vista da basílica: uma imersão na história da França! Foto Divulgação

A igreja é banhada pela luz, símbolo do divino, graças a uma superfície envidraçada excepcional. Considerada uma construção importante da arte gótica, ela contribuirá para a produção de novos edifícios em toda a Europa!

A basílica dos séculos XII-XIII, tal como a conhecemos hoje, mede 108 metros de comprimento e suas abóbadas atingem 29 metros de altura. Seu imenso transepto é iluminado por duas rosas suntuosas com mais de 12 metros de diâmetro, que serviram de modelo para a Notre-Dame de Paris. E por um bom motivo: Pierre de Montreuil, o arquiteto da Notre Dame, participou da obra de transformação de Saint-Denis.

Foto Divulgação

‘CEMITÉRIO’ DOS REIS

Foto Alain Rousseau

Foi o rei São Luís, no século XIII, que consolidou definitivamente o status de necrópole real de Saint Denis. Ele encomendou uma série de 16 “gisants” (tIpo de estátuas funerárias, que representa uma pessoa deitada), das quais 14 ainda hoje podem ser vistas .

Todas essas estátuas são bastante semelhantes: esses reis estão deitados, mas com os pés apoiados em um pedestal, como se estivessem em pé. No entanto, o travesseiro colocado sob suas cabeças indica que eles estão deitados. Na verdade, encontramos aqui o tema da ressurreição.

Foto Alain Rousseau

As estátuas representam os soberanos prontos para se levantar. Seus olhos estão abertos e voltados para o Oriente, para a Jerusalém celestial. Eles seguram um cetro com uma mão e uma ponta de seu manto com a outra. Os rostos, idealizados, oferecem a imagem do rei perfeito. Todos eles estão congelados em uma idade ideal: a de Cristo durante sua crucificação e, acima de tudo, sua ressurreição: 33 anos.

A semelhança dos rostos é suavizada pelo trabalho dos escultores com sombras e luzes. Cada rei também se distingue pela variedade de motivos encontrados nas coroas. Encontram-se diferentes símbolos, nomeadamente animais aos pés dos retratos, como leões e cães, símbolos de força e fidelidade.

TÚMULOS DA RENASCENÇA

Foto Alain Rousseau

Não são necessariamente os reis e rainhas mais conhecidos, como Luís XIV, o construtor de Versalhes, ou Maria Antonieta e seu marido, o rei Luís XVI, que possuem os monumentos funerários mais imponentes.

São os túmulos construídos durante o período renascentista, influenciados pela arquitetura antiga, os mais espetaculares.

Foto Alain Rousseau

Assim, os monumentos dos reis Francisco I, o construtor do castelo de Chambord, e sua esposa Cláudia de França, ou ainda Henrique II e Catarina de Médicis merecem uma atenção especial. Eles foram construídos com base em um novo modelo: no andar inferior, os corpos dos soberanos, os “transis”, são apresentados nus e sem vida; no andar superior, os mesmos personagens estão ajoelhados, em oração, em busca do paraíso.

Mas se você preferir algo mais sóbrio, terá muitas opções: no total, são 43 reis, 32 rainhas, 60 príncipes e princesas, uma dezena de servos da monarquia que estão enterrados na antiga abadia de Saint-Denis, desde o mais antigo, o rei Dagoberto, em 639, até o mais recente, o rei Luís XVIII, em 1824!

Boa visita!

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

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