ALAIN EM PARIS: MESTRE BRITÂNICO DA PINTURA BRILHA NA FRANÇA!

Exposição sobre David Hockney, de 87 anos, é a maior já montada, com 400 obras do artista esparramadas em 11 salas, para colorir a primavera francesa. Vem conhecer!

POR ALAIN ROUSSEAU

É a exposição do ano em Paris: David Hockney, 25. Do remember they can’t cancel the Spring  (David Hockney, 25. Lembre-se de que eles não podem cancelar a primavera), na Fondation Louis Vuitton até o final de agosto de 2025.

É a maior já montada sobre o artista britânico de 87 anos: são 400 obras, de 1955 até os dias atuais, 11 salas de exposição, todos os tipos de trabalho produzidos usando uma ampla variedade de técnicas: pinturas a óleo e acrílicas, desenhos a tinta, lápis e carvão, bem como trabalhos digitais e instalações de vídeo, com a exposição supervisionada pelo próprio Hockney, que escolheu as obras a serem exibidas.

Foto Alain Rousseau

O artista confirma a natureza excepcional e única da mostra: “Esta exposição é particularmente importante para mim, pois é a maior que já tive – todas as 11 salas da Fondation Louis Vuitton! Algumas das minhas pinturas mais recentes, nas quais estou trabalhando atualmente, serão exibidas. Acho que vai ser ótimo”.

Vamos dar uma olhada em uma retrospectiva extraordinária!

OBRAS MÍTICAS

Obra A Bigger Splash (1967) Foto Alain Rousseau

No andar térreo, a exposição começa com obras emblemáticas das décadas de 1950 a 1970. Entre elas, estão as famosas piscinas californianas, um tema inseparável da obra de David Hockney, como A Bigger Splash (1967) e Portrait of An Artist (Pool with Two Figures), de 1972, que foi vendida em um leilão por US$ 90 milhões. A série de retratos duplos também será representada, com duas grandes pinturas: Mr. and Mrs. Clark and Percy (1970-1971) e Christopher Isherwood and Don Bachardy (1968).

PINTURAS AMERICANAS DE GRANDE FORMATO

Grand Canyon, pintura feita no estúdio de Los Angeles Foto Alain Rousseau

Nas décadas de 1980 e 1990, o pintor, que viveu nos Estados Unidos, pintou vastas paisagens, incluindo o Grand Canyon, no Arizona. Esses locais não eram apenas temas, eles inspiraram Hockney a ver de uma nova maneira. O Nichols Canyon, visto de cima com um horizonte elevado, marca esse ponto de virada. Aqui, Hockney abordou a imensidão e reagiu multiplicando o formato, montando os 60 painéis pintados a óleo do Bigger Grand Canyon em seu estúdio de Los Angeles em uma justaposição prodigiosa de diferentes pontos de vista ao mesmo tempo.

NORMANDIA

Em 2020, confinado ao vilarejo normando onde havia comprado uma casa, Hockney começou a enviar desenhos a seus amigos em iPads para confortá-los. Entre outras imagens, ele desenhou narcisos, que acompanhou pela primeira vez com as palavras Do remember, they can´t cancel the spring (Lembre-se, eles não podem cancelar a primavera).

Dando continuidade a esse exercício de observação de seu ambiente imediato, Hockney estabeleceu a meta de produzir 220 imagens da Normandia em 2020. A série 220 for 2020 abrange uma área de apenas alguns hectares, na qual o artista identifica um número infinito de temas, tanto próximos quanto distantes. Aqui, Hockney mais uma vez celebra as sutilezas das mudanças sazonais e cotidianas, pintando a vegetação em todos os seus estados, usando o iPad para revisitar o mesmo motivo e, assim, renovar seu trabalho de forma rápida e constante.

Pintura da série Moon, de 2020 Foto Alain Rousseau

Graças ao brilho da tela, Hockney pode pintar à noite, recriando sua magia na série Moon (2020). O tablet permite que ele brinque com a escala das obras, adaptando o tamanho das impressões às dimensões de uma sala de museu. Embora essas “pinturas de iPad” sejam exibidas aqui emolduradas, ressaltando a importância do gesto do artista em vez do meio, Hockney não desistiu da pintura tradicional e continua a usar acrílico.

TRIBUTO AOS MESTRES DO PINTOR

David Hockney homenageia os artistas que o inspiraram, desde o Quattrocento até a arte moderna, incluindo Fra Angelico, Claude le Lorrain, Cézanne, Van Gogh e Picasso.

Ele revisita suas obras por meio de suas próprias criações.

MÚSICA

“Precisamos de mais ópera. Ela é maior que a vida.”

David Hockney sempre foi apaixonado por música de ópera e procurou traduzi-la em cores e formas. Ele assistiu a sua primeira ópera, La Bohème, de Puccini, quando era criança em Bradford.

No último andar da Fundação, uma sala inteira é dedicada a uma nova criação do artista, Hockney paints opera (Hockney pinta ópera), uma readaptação musical e visual concebida especialmente para essa sala a partir de seus desenhos e cenários para várias óperas, incluindo A Flauta Mágica, de Mozart, encenada em Glyndebourne (1978); Tristão e Isolda. de Wagner, na Los Angeles Music Center Opera (1987), Turandot, de Puccini, na Lyric Opera, Chicago (1992.

OS ÚLTIMOS DIÁLOGOS

Obra After Munch: Less is Known than people think Foto Alain Rousseau

A última sala da exposição é uma uma sala “íntima” que mostra as últimas obras do artista pintadas em Londres, onde ele está morando desde julho de 2023. A exposição revela os diálogos entre a pintura de David Hockney e as obras de Edvard Munch e William Blake, especialmente em After Munch: Less is Known than People Think (2023) e After Blake: Less is Known than People Think (2024) “onde, segundo o artista, astronomia, história e geografia se encontram com uma forma de espiritualidade”.

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

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