Alain em Paris: PORTUGAL QUE FALA FRANCÊS!

Um roteiro delicioso pelos endereços que mostram porque a capital francesa é a terceira cidade portuguesa do mundo, depois de Lisboa e Porto. Vem conhecer!

POR ALAIN ROUSSEAU

Não é mais necessário ir até Portugal para viver como no país de Camões.

Talvez você não saiba, mas Paris é hoje considerada a terceira cidade portuguesa no mundo, depois de Lisboa e Porto!

Aqui, trago quatro endereços para aproveitar a doçura da vida às margens do Tejo sem sair dos cais do Sena.

 UM POUCO DE HISTÓRIA

Os laços entre Paris e Portugal remontam ao século 15, quando comerciantes de especiarias, intelectuais e cientistas formados em culturas estrangeiras (os estrangeirados) vieram descobrir a capital do reino da França, símbolo da abertura ao mundo e da “civilização”.

No século 18, chegou a onda de judeus portugueses expulsos de sua terra por motivos religiosos. Aliás, na rue de Flandre, no 19º arrondissement, fica o cemitério dos judeus portugueses de Paris, ou cemitério israelita da Villette.

Mas foi, sobretudo, durante as grandes ondas de imigração dos Trinta Gloriosos que Paris viu chegar milhares de portugueses que fugiam da miséria, da ditadura e das guerras coloniais.

Hoje, estima-se que entre 300 e 400 mil pessoas de origem portuguesa residam em Paris e seus subúrbios.

 AZULEJOS NO METRÔ

Metrô de Paris Foto Divulgação

Se você pegar a Linha 1 do metrô e descer na estação Champs-Elysées, descobrirá verdadeiros azulejos de Portugal! Eles são assinados por Manuel Cargaleiro, um artista, ceramista de formação, que compõe, desde os anos 1950, grandes obras murais policromáticas. Ele desenha à mão livre suas formas geométricas – pontos, círculos, quadrados, triângulos, losangos – sobre a cerâmica.

Em 2019, com a inauguração de um novo acesso à estação de metrô Champs-Élysées-Clemenceau, Manuel Cargaleiro veio especialmente para completar sua obra com cinco painéis adicionais, 24 anos após suas primeiras criações.

 LIVROS EM PORTUGUÊS

A livraria Portuguesa e Brasileira que sempre aparece na série Emily em Paris Divulgação

Fãs da série Emily in Paris, vocês conhecem, sem saber, a maior livraria lusófona da cidade luz!

No número 19-21 da rue des Fossés-Saint-Jacques, no 5º arrondissement, a poucos passos do Panteão, na mesma praça do prédio de Emily, encontra-se uma bonita livraria com uma fachada azul. É uma das poucas na França que promove exclusivamente a literatura portuguesa e o mundo lusófono: Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, ilhas de São Tomé e Príncipe, Macau, Goa e Timor Leste.

Aliás, seu criador, Michel Chandeigne, aproveita ao máximo as filmagens da série da Netflix. Ele conta que uma vez colocou uma imagem em alguns de seus livros com a inscrição “Emily’s favourite book” (o livro favorito de Emily) e isso lhe rendeu novos clientes!

PASTEL DE NATA PARISIENSE

O pastel de nata é para Lisboa o que o macaron é para Paris, seu símbolo doce mais refinado. Uma tortinha com formato bem específico e conhecida por sua massa folhada única, delicada e crocante. Seu recheio é um creme leve que os lisboetas saboreiam polvilhado com canela, conforme o gosto.

É na Comme a Lisbonne, uma mercearia fina que se autodenomina “o mais parisiense dos encontros lisboetas”, que compro os meus, na rua do Rei da Sicília, 37, bem no coração do bairro do Marais. Acompanhados por um excelente café português, também é possível levar os doces em uma embalagem original e elegante, para oferecer ou dar de presente a si mesmo sem passar por Lisboa.

Foto Divulgação

Mas a Comme a Lisbonne também tem uma seleção dos melhores produtos gastronômicos portugueses. Na loja, encontramos produtos de qualidade escolhidos com cuidado e paixão. Azeites das regiões do Alentejo e do Alto Douro, chás da casa Gorreana, única plantação de chá na Europa instalada nos Açores desde 1883, seleção de mel tradicional proveniente dos laranjais do Algarve, das florestas de eucalipto e da urze dos vales da Serra da Estrela!

LIFESTYLE LISBOETA

A loja +351: moda descolada lisboeta Foto Alain Rousseau

Desde 2 de maio de 2025, e por três meses, é possível vestir-se com as criações da marca lisboeta do momento, a +351, cujo nome retoma o código de chamada de Portugal. Sua criadora, Ana Penha e Costa, abriu uma loja pop-up na rue Debelleyme, 11, no bairro do Marais, pelo qual se apaixonou.

Surfista desde os 14 anos, Ana define sua marca como um “estilo de vida” que vai além de uma simples marca de moda.

É sem dúvida isso que faz seu sucesso, já que em apenas 11 anos, sua marca de estilo de vida se espalhou por toda Lisboa e já conta com quatro lojas no Porto.

O seu segredo? Peças produzidas em pequenas quantidades em fábricas do norte de Portugal, respeitando o meio ambiente. Os produtos são fabricados em algodão orgânico ou linho, em tecidos brancos. Em seguida, são tingidos à mão para obter um efeito vintage e artesanal.

Na loja parisiense, encontramos os seus artigos, por vezes unissex, por vezes destinados a um guarda-roupa feminino, e roupas para crianças. Em cores ligeiramente desbotadas, a +351 oferece shorts, de praia ou mais elegantes, vestidos, macacões, saias, camisetas, moletons, mas também jaquetas, calças, além de alguns acessórios e joias. Eu me apaixonei por uma camiseta com +351 escrito em japonês.

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

GOSTOU? COMPARTILHE AGORA:

X | Twitter
Telegram
Facebook
LinkedIn
WhatsApp