Alain em Paris: ROTEIRO EXCLUSIVO PELO DESCOLADO BAIRRO MARAIS!

Em tempo da parada do orgulho gay, que acontece neste sábado (28) na capital francesa, vamos fazer uma visita guiada ao coração da vida LGBT parisiense!

POR ALAIN ROUSSEAU

O bairro do Marais era inicialmente uma zona pantanosa (daí o seu nome, em francês Marais significa pântano) que se tornou, por decreto real no século 11, a “cozinha” de Paris. Todos os produtos frescos eram cultivados e vendidos ali.

Os numerosos hotéis particulares de diferentes épocas e a Place des Vosges estão lá para testemunhar a riqueza de seu passado.

Foi na década de 1980 que comerciantes, ativistas e artistas gays começaram a se instalar lá, seduzidos pelos aluguéis ainda acessíveis e pelo charme único do lugar. O bairro tornou-se então um espaço de liberdade, expressão e tolerância, ao lado da comunidade judaica, que também compartilha uma história de perseguições. Ao longo dos anos, as ruas Sainte-Croix-de-la-Bretonnerie e des Archives se impuseram como as principais artérias, com bares, clubes, lojas e livrarias que se tornaram verdadeiras instituições.

Rue des Archives, uma das principais artérias do bairro Foto Divulgação

Embora continue sendo um local importante para a comunidade LGBT, o bairro infelizmente está perdendo sua autenticidade com a chegada de muitas lojas de luxo que estão substituindo gradualmente os bares e as livrarias.

No entanto, muitos locais resistem, e ainda é um prazer passear por lá.

Vou levá-los para conhecer três dos meus endereços favoritos.

 FUNDAÇÃO ALAïA

Fundação Azzedine Alaïa, no Marais Foto Divulgação

Em 2007, Azzedine Alaïa decidiu proteger sua obra e sua coleção de arte, fundando a Associação Azzedine Alaïa, com o pintor Christoph von Weyhe e sua amiga de mais de 40 anos, a editora e galerista Carla Sozzani, para que essa associação se tornasse a Fundação Azzedine Alaïa.

O logotipo da fundação foi criado por o pintor Julian Schnabel. A fundação está localizada em Paris, na rue de la Verrerie, 18, onde Azzedine Alaïa viveu e trabalhou. Ela está instalada em um conjunto de edifícios em torno de um pátio interno, decorado com plantas. No fundo do pátio, há uma grande galeria de exposições com teto de vidro e, no 1º andar, uma segunda sala de exposições. Há também uma livraria dedicada à moda, arte, design e literatura, bem como um café em memória da lendária hospitalidade do senhor Alaïa.

Azzedine Alaïa e Thierry Mugler Foto Divulgação

Atualmente, a Fundação apresenta uma exposição fascinante sobre os laços que uniam o criador a outro criador de destaque dos anos 80: Thierry Mugler.

A mostra Azzedine Alaïa / Thierry Mugler, 1980-1990 duas décadas de conivência artística pode ser vista até 31 de agosto.

MERCERIE PARISIENSE

É certamente um dos segredos mais bem guardados de Paris!

Escondida no fundo de um pátio pavimentado, no número 8 da rue des Francs-Bourgeois, a Mercerie Parisienne é discreta. No entanto, esta antiga oficina de costura, com as suas imensas janelas panorâmicas e a sua fachada vegetal, é bem conhecida dos iniciados.

Neste templo da costura, encontra-se absolutamente tudo o que diz respeito ao conceito faça você mesmo: botões, fitas, linhas, lã, mas também moldes e tecidos, todos engenhosamente dispostos em prateleiras antigas, ao alcance dos clientes. A proprietária, Lisa, apaixonada por artigos de armarinho desde sempre, abriu esta grande loja há 23 anos. Na época, o artesanato era praticado apenas por um punhado de entusiastas. A maioria dos produtos é fabricada na França e eles são confeccionados por artesãos que trabalham diretamente com as melhores marcas.

CHEZ MARIANNE

Desde 1976, Marianne não para de aumentar sua clientela, seduzindo os adeptos da culinária mediterrânea e do leste europeu.

Por respeito às avós ashkenazitas, que elaboraram cada receita, Marianne mantém seus hábitos: porções generosas, sabores cremosos, cores quentes que marcam as mentes.

Os clientes fazem fila para comprar os imperdíveis pitas, falafels, kaftas e sanduíches de pastrami. Na sobremesa, ninguém esquece o sabor incrível dos strudels de maçã ou papoula, dos loukoums ou ainda do halva caseiro.

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

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