POR ALAIN ROUSSEAU
No âmbito da temporada Brasil-França 2025, eventos e locais emblemáticos fazem com que os parisienses se sintam um pouco mais brasileiros durante os meses de julho e agosto.
Foco em três iniciativas que chamaram a minha atenção.
PARIS PLAGE COMO NO RIO

Patrocinada pelo mais parisiense dos jogadores de futebol brasileiros, Rai, este ano a Paris Plage ganha um toque carioca!
Uma grande praia de areia foi montada às margens do rio Sena, assim como três quadras de vôlei na praça da Prefeitura.
Nas margens do Sena, no cais, foram instalados espaços com nebulização, espreguiçadeiras e guarda-sóis.
A gastronomia brasileira também estará em destaque: finger food e food market Brasil. Só faltam os famosos “sanduíches naturais” da Bahiana para nos sentirmos em Ipanema!
E à noite, projeções de filmes brasileiros ao ar livre nas margens do Sena, blocos e DJs.
E não se esqueça que agora é possível nadar no Sena. Para fotos com a Torre Eiffel ao fundo, recomendo o local no Bras de Grenelle, no 15º arrondissement: efeito garantido no Instagram!
Você também pode alugar caiaques e praticar uma série de esportes aquáticos.
Em termos de segurança, há vestiários disponíveis, bem como armários seguros, um posto de segurança com uma enfermaria de emergência e, no mínimo, quatro salva-vidas presentes durante todo o dia.
Além disso, o banho só é permitido se a corrente estiver moderada e as análises da água realizadas diariamente forem positivas.
ERNESTO NETO NO GRAND PALAIS

Após sua instalação no início do ano no Bon Marché, o artista carioca volta a Paris e, desta vez, ocupa a nave do Grand Palais, recém-reformada.
Sua instalação Nosso Barco Tambor Terra foi feita em crochê, com algodão, terra, areia, canela, casca de árvore, arroz, ervas secas… Produtos muito naturais, reunidos em uma tela gigantesca e colorida que nos envolve.
Concebida como uma espécie de floresta para explorar e percorrer, esta instalação estimula os nossos sentidos e a nossa imaginação. As cores, as formas, os cheiros remetem-nos para uma natureza esquecida, quase mística.
Para esta obra, o artista também se inspirou na vela e na navegação. Com esses fios esticados, que ligam esses pilares, esses mundos, ele ilustra a maneira como os barcos conectaram povos e universos, ampliando assim o mundo em que os humanos viviam.
Essas estruturas em crochê também abrigam instrumentos musicais de todo o mundo, colocados à disposição dos visitantes, que podem assim participar da vida desta obra incomum.
DE PARIS A BELÉM
Em 2015, a adoção do Acordo de Paris durante a COP21 marcou um ponto de virada decisivo no compromisso global com o clima. Para comemorar esse aniversário, a cidade está organizando uma exposição intitulada De Paris a Belém: 10 anos de ações globais pelo clima, que ficará em cartaz na Prefeitura até 13 de dezembro.
Através de obras marcantes, incluindo fotografias da Amazônia do recentemente falecido Sebastião Salgado, e um percurso interativo possibilitado por dispositivos emprestados pelo Museu das Artes e Ofícios, pequenos e grandes descobrirão o impacto das cidades na luta pelo planeta.

Outros artistas contemporâneos participam da exposição com suas obras, como o artista de street art bem conhecido dos skatistas Shepard Fairey (OBEY), o fotógrafo Yann Arthus-Bertrand e o chinês Yang Yongliangm entre outros.
Vale ressaltar que toda a exposição foi pensada para sensibilizar e despertar o interesse das crianças. Assim, ao longo de seu percurso, os mais jovens são guiados por Copi, um pequeno personagem que eles encontrarão no livreto-jogo disponibilizado gratuitamente. Da mesma forma, os jovens podem interagir com os membros da Academia do Clima durante sessões previstas para esse fim.

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.