Não é apenas o Brasil que está na mira das sanções do governo de Donald Trump para preservar a liberdade de expressão. Autoridades do governo britânico igualmente envolvidas na censura de cidadãos americanos poderão ser impedidas de entrar nos Estados Unidos.
As restrições de visto foram anunciadas na quarta-feira (28) pelo secretário de Estado, Marco Rubio. O alvo são burocratas, reguladores e autoridades estrangeiros classificados como “cúmplices na censura de americanos online”.
No Reino Unido, as sanções podem atingir a Ofcom, a agência reguladora de mídia do governo britânico, responsável pela Lei de Segurança Online. Segundo críticos, essa lei permite censura generalizada e pune empresas de tecnologia americanas com multas pesadas.
Por exemplo: as plataformas que não removerem o chamado “conteúdo nocivo” podem pagar multas de US$ 24,4 milhões ou 10% da receita anual, colocando as empresas sediadas nos EUA na mira da lei britânica.

O governo Trump não gostou das tentativas do governo britânico de impor censura extraterritorial. Para Rubio “é inaceitável que autoridades estrangeiras exijam que plataformas tecnológicas americanas adotem políticas globais de moderação de conteúdo ou se envolvam em atividades de censura que vão além de sua autoridade e cheguem aos Estados Unidos.”
Rubio, que anunciou oficialmente as sanções em seu perfil da plataforma X, teria surpreendido as autoridades britânicas, que despacharam seus diplomatas para a Casa Branca em busca de maiores esclarecimentos.
Segundo a mídia americana, a Casa Branca está “monitorando” ativamente o caso de Lucy Connolly, uma mãe britânica condenada a 31 meses de prisão por uma publicação em uma rede social sobre um esfaqueamento em massa contra meninas em Southport, Inglaterra, feito pelo filho de de pais africanos que estão pedindo asilo.
O caso ganhou visibilidade internacional depois que autoridades britânicas ameaçaram processar ou extraditar americanos que violassem suas leis contra discurso de ódio online. “Usaremos toda a força da lei contra as pessoas”, disse o comissário da Polícia Metropolitana, Mark Rowley, na ocasião. “Esteja você neste país cometendo crimes nas ruas ou cometendo crimes de outros lugares online, nós iremos atrás.”
Por esse motivo, funcionários do Escritório de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho do Departamento de Estado dos EUA viajaram a Londres em março. Os diplomatas teriam se encontrado com ativistas pró-vida — presos porque que estavam rezando perto de clínicas de aborto, sob leis que restringem a liberdade de expressão e religião.
Recentemente, o vice-presidente dos EUA se pronunciou sobre a censura em um discurso na Alemanha: ” Na Grã-Bretanha e em toda a Europa, receio que a liberdade de expressão esteja em declínio.”
Ao que tudo indica, a guerra contra a censura global está apenas começando!