Quem bate, não sente, mas quem apanha, não esquece. Essa frase me vem à cabeça durante todo o tempo todo em que assisto a live de Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (8), no Facebook. Ele cansou de apanhar da imprensa, está incomodado com isso e partiu para o ataque.
Esse tiroteio verbal, iniciado durante a campanha por alguns dos principais veículos de comunicação do país e que ganha proporções jamais vistas, já tem vítimas: a própria mídia, hoje desacreditada por boa parte dos leitores e audiência, mas irredutível em retomar a imparcialidade que desapareceu do noticiário.
Bolsonaro não vai mais ficar quieto diante de fake news, informações manipuladas e ataques a ele. Mostrando a capa do jornal O Globo, publicada na última terça-feira (6) em que aparecia em charge como o “Capitão Motosserra” (em suas próprias palavras) numa alusão ao desmatamento da Amazônia, o presidente deu o troco.
“Para fazer jornal tem que derrubar árvore, certo? Então, como forma de preservar o meio ambiente, vamos economizar papel. Por isso, editei a medida provisória que acaba com a obrigatoriedade de as empresas publicarem seus balanços nos grandes jornais.”, disse ele na live.
Claro que isso representa um baque no coração financeiro das empresas de comunicação, que ganham em média R$ 1,2 bilhão com os balanços empresariais, até então obrigatórios por lei. Levando-se em conta que também perderam as verbas das milionárias campanhas publicitárias do governo, podemos deduzir que a situação ficará mais complicada do que já está!
“Eles que preencham suas páginas com outras notícias”, afirmou o presidente, justificando que tomou a medida para desburocratizar e gerar economia para os empresários criarem mais empregos. E, no deboche, arrematou: “Um grande abraço a essa imprensa maravilhosa e obrigado pelo apoio.”.
CARTÃO CORPORATIVO
Bolsonaro não parou por aí. Também lançou ao vivo o desafio de abrir o sigilo do seu cartão corporativo à imprensa para comprovar os gastos. Tudo isso porque foi acusado recentemente de torrar R$ 6 milhões do dinheiro público.
Ainda mais irônico, pediu: “Quero que façam uma matéria legal com meu cartão corporativo. Vou com vocês na boca do caixa, digito a senha e mostro o extrato. Vou também filmar vocês no caixa comigo. Está lançado o desafio.”
Até acho que nos últimos meses de governo ele tentou mudar um pouco o discurso, ficou mais amável e fez malabarismos para evitar tantos ataques. Só que estava fora de sua real personalidade.
Bolsonaro é direto, irônico, passional, fala palavrões, comete erros, volta atrás, dando muita munição (às vezes, à toa) aos seus opositores. Mas passa para os seus eleitores honestidade, credibilidade e vontade de fazer o Brasil deslanchar.
Além do mais, para assumir um país nas condições em que ele assumiu foi preciso muita coragem. Sabia dos imensos desafios, quase perdeu a vida e mesmo assim não desistiu. Está no lugar certo -e na hora certa.
Um lorde politicamente correto não ia dar conta!