As mídias sociais na China são proibidas, totalmente censuradas, mas as ofensivas do país nas mídias ocidentais estão cada vez mais fortes. Este assunto interessa muito ao Brasil, que corre sérios riscos de perder sua liberdade de expressão na internet.
A presença chinesa nas redes sociais foi tema de uma reportagem publicada pelo site do Epoch Times (há também a versão em português). A matéria diz que Pequim está expandindo cada vez mais suas campanhas de influências nas plataformas ocidentais.
Segundo o texto, essas iniciativas se aceleraram no início da pandemia do coronavírus “com uma campanha global para desviar a culpa pelo manejo inadequado do surto e intensificar narrativas elogiando seus esforços de resposta”.
Nos últimos meses, diplomatas chineses usaram intensamente o Twitter para promover o regime como exemplo nos esforços globais para conter a doença e dizer que o vírus não se originou na China.
Na paralela, a mídia estatal chinesa também usou a plataforma promovendo as hashtags Trumpandemic e TrumpVirus em seus posts.
E aqui no Brasil, a embaixada chinesa se manifestou contra opiniões sobre o “vírus chinês”. Uma delas veio do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que está sendo acusado de racismo, saiu do cargo e deixou o país.
Nota divulgada pela Embaixada da China no Twitter em 6 de abril de 2020 |
CONTAS REMOVIDAS
O Twitter anunciou no início deste mês ter removido mais de 170 mil contas vinculadas ao regime chinês que estavam alimentando posts sobre a pandemia, os protestos de Hong Kong e outras questões, afirma a publicação.
A empresa disse ter identificado e removido mais de 23 mil contas primárias e cerca de 150 mil projetadas para “impulsionar” a rede principal, compartilhando e gostando de suas postagens.
Essa nova leva de remoções, diz a matéria, foi baseada em uma ação de agosto de 2019, quando retirou centenas de contas vinculadas a Pequim que tentavam minar o movimento de pró-democracia em Hong Kong. O Facebook e o YouTube adotaram medidas semelhantes.
Pesquisadores australianos, que analisaram essas contas removidas, descobriram que 78,5% não tinham seguidores.
A reportagem diz ainda que, segundo os pesquisadores, o alto número de tweets enviados (mais de 348 mil entre janeiro de 2018 e abril de 2020, a maioria em chinês) demonstra que a ação teria sido executada por chineses de uma fábrica de Pequim, contratados para a tarefa em vez de robôs.
Isso porque os bots tendem a ser mais mais fáceis de serem identificados por software, na avaliação dos pesquisadores.
Segundo o Epoch Times, “o regime chinês emprega uma extensa rede de trolls da internet para censurar as discussões online, elogiar as políticas do Partido Comunista Chinês e demonizar opiniões que critiquem o regime.”
Eles são conhecidos como “exército de 50 centavos” porque as autoridades chinesas pagam 50 centavos por cada post que fazem.
SINAL DE ALERTA
E onde entra o Brasil nessa história?
Coincidentemente, essa reportagem do Epoch Times foi publicada na quarta-feira (24), véspera do dia da votação pelo Senado do projeto de lei das Fake News, que vai interferir na internet e caracterizar crime de opinião, algo impensável para um regime democrático.
E também nesta quinta, o jornalista Luiz Lacombe, que apresentava o programa Aqui na Band, sucesso de audiência nas manhãs, foi demitido pela emissora por ter se declarado conservador e apoiar o governo Bolsonaro.
O programa sofreu uma intervenção, com a demissão de outros jornalistas e do diretor. O detalhe é que um grupo de comunicação chinês comprou 60% das ações da Band.
Tanto a votação do projeto quanto a demissão do jornalista foram os assuntos mais comentados pelas redes sociais brasileiras. No final da tarde, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, adiou a votação para a próxima terça-feira (30).
Outro fator que chama a atenção é a pandemia. Assim como Trump, o presidente Bolsonaro também sofre desde o início um ataque maciço da oposição, incluindo a grande mídia, por ter conduzido mal o combate à doença, especialmente por parte de alguns governadores muito ligados a Pequim.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quinta-feira, em live promovida por uma corretora de investimentos, que o governo brasileiro não deveria criticar a China por causa da pandemia.
“Ninguém pediu que o Brasil tomasse posição e se alinhasse aos Estados”, afirmou FHC.
O modus operandi é muito parecido, sincronizado. É bom ficarmos atentos.
Censura, não!