A maior autoridade de saúde da China reconheceu que suas vacinas não oferecem “alta” proteção ao vírus da covid-19. E agora as autoridades avaliam opções para reforçar a proteção, entre elas a mistura de diferentes vacinas.
“As taxas de proteção das vacinas existentes não são altas”, disse Gao Fu, diretor do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças, durante conferência na cidade de Chengdu, no sudoeste do país, no sábado (10).
Ele listou duas opções para resolver o problema: uma é aumentar o número de doses, ou ajustar a dosagem ou o intervalo entre as aplicações; a outra é misturar vacinas desenvolvidas a partir de diferentes tecnologias.
As declarações dele vazaram no fim-de-semana e são uma rara admissão pública de que a eficácia das vacinas não é ideal, algo que foi amplamente discutido assim que os chineses começaram a divulgar suas vacinas.
O mais grave é que a China as forneceu a 60 países, incluindo o Brasil, apesar de todos os alertas dados por cientistas internacionais sobre a tradicional falta de confiança nos imunizantes chineses.
Mas, o país onde surgiu o vírus se posicionou como líder no desenvolvimento e distribuição. Interesses políticos e comerciais prevaleceram num claro desrespeito à saúde pública.
A informação que ganha ênfase no mundo, após as declarações da autoridade de saúde durante a conferência, é que a Coronavac apresentou eficácia de apenas 50,4% em ensaios clínicos no Brasil feitos pelo Instituto Butantan.
Aqui, a situação foi ainda mais polêmica visto que se transformou em uma guerra política e de marketing, promovida pelo governo de São Paulo que fechou um contrato bilionário com o laboratório Sinovac, mesmo sem informações consistentes sobre a imunização oferecida.
Os que estavam reticentes em relação à vacina, incluindo o governo brasileiro, foram chamados de “negacionistas”. Além disso, a Anvisa sofreu fortes pressões para liberar o imunizante. A autorização foi dada em caráter provisório.
O fato é que as duas empresas farmacêuticas que produzem a maioria das vacinas chinesas da covid-19 não publicaram dados abrangentes de ensaios clínicos em revistas médicas internacionais sobre a eficácia de suas vacinas.
Os Emirados Árabes Unidos, em março, começaram a oferecer uma terceira dose da vacina Sinopharm aos residentes que não conseguiram gerar anticorpos suficientes após duas injeções.
CENSURA
Tão logo essas declarações ganharam força nas mídias sociais e viraram manchetes internacionais, os censores chineses apagaram as discussões online e o jornal Global Times, da mídia estatal chinesa, divulgou uma entrevista com Gao Fu para ele tentar “remediar” o que disse.
Segundo o jornal, as declarações dele foram “um completo mal-entendido”, informou a CNN.
“As taxas de proteção de todas as vacinas no mundo são às vezes altas, às vezes baixas. Como melhorar sua eficácia é uma questão que precisa ser considerada por cientistas de todo o mundo”, disse Gao.
Especialistas de saúde locais dizem que o Partido Comunista Chinês não vai tolerar qualquer desafio à sua narrativa oficial.
Enquanto isso, no Brasil, o Butantan estuda dar a terceira dose. Várias pessoas vacinadas, entre elas alguns famosos, contraíram a infecção.
O cantor Aguinaldo Timóteo contraiu o vírus e veio a óbito após ter tomado as duas doses da Coronavac. O ator Stênio Garcia, também imunizado, testou positivo.
Além disso, o Estado de São Paulo vem batendo recordes de mortes e de casos.
Quem vai pagar por isso? Afinal, a conta fica cada vez mais alta!