A gastronomia mundial foi duramente atingida pela pandemia, mas alguns restaurantes sofreram, e ainda sofrem, muito mais do que outros. Nos Estados Unidos, por exemplo, os estabelecimentos chineses colhem os frutos mais amargos da covid-19.
Na verdade, seus negócios começaram a declinar bem antes do que os demais, segundo mostra o jornal The New York Times.
Para eles, a crise teve início em janeiro de 2020, quando surgiu a notícia de um novo vírus circulando em Wuhan, na China.
Além do medo por parte da população em relação à comida chinesa, eles enfrentaram o aumento do racismo anti-asiático, sendo vandalizados, roubados e atacados online, conforme noticiou à época o Washington Post.
Muitos até começaram a fechar mais cedo, porque seus funcionários eram atacados nas ruas.
Hoje, a situação é crítica em Chinatown, em Manhattan, Nova York, um dos bairros de imigrantes mais famosos do país.
Ali existem mais de 3 mil negócios, incluindo cerca de 300 restaurantes, cafés e padarias, que foram castigados pela pandemia com muito mais força do que em qualquer outro lugar da cidade, afirma o New York Times.
Milhares de funcionários de escritórios, turistas e visitantes circulavam diariamente pelas ruas estreitas do bairro, lotando restaurantes e lojas de souvenirs.
Mas, foram desaparecendo à medida que notícias alarmantes cresciam sobre o surto em Wuhan no início de 2020. E tudo isso bem antes de o primeiro caso ser confirmado em Nova York, no dia 1º de março.
Ao longo do último ano, pelo menos 17 restaurantes 139 lojas de rua fecharam permanentemente em Chinatown, disse um líder empresarial do bairro. Algumas ruas estão repletas de vitrines fechadas e placas de aluguel.
A crise não poupou nem mesmo o Jing Fong, o maior e mais famoso restaurante, no coração de Chinatown, aberto há 28 anos, e que atendia cerca de 10 mil clientes por semana.
Ali também gerações de famílias asiáticas comemoravam casamentos, aniversários e formaturas. Era ainda o local dos líderes empresariais para seus almoços de negócios, à base de pratos de pãezinhos de porco assado, costelinha e bolinhos de camarão.
A casa, cujo salão principal tinha 800 lugares, fechou no último domingo, dia 28. Com o avanço da pandemia, as mesmas características que o tornavam um lugar tão especial – multidões barulhentas, mesas e pratos compartilhados – também decretaram o seu fim.
Para os novaiorquinos, o fechamento de Jing Fong é um fato “doloroso”, embora centenas de bares, restaurantes e casas noturnas tenham encerrado suas atividades durante a pandemia, desaparecendo com 140 mil empregos.
MEDO CONTINUA
Mesmo com os pedestres voltando aos poucos a circular pelo bairro, alguns líderes empresariais temem que muitos dos que estão trabalhando em casa não retornem.
E que os turistas também evitem Chinatown em decorrência da pandemia que também provocou xenofobia e violência contra ásio-americanos em todo o país.
O mais curioso é que Chinatown teve em média uma taxa menor de casos confirmados de coronavírus em relação a outras áreas da cidade, aponta o banco de dados do jornal.
Mas, quem disse que o mundo pós-covid voltará a ser o mesmo?