COMO ESTÁ A VIDA DOS CHINESES PÓS CORONAVÍRUS? MUITO LONGE DO NORMAL!

      A vida na China não está tão normal como o governo divulga. A revista americana Time publicou uma matéria cheia de detalhes sobre o cotidiano chinês pós coronavírus. E é assustador.


    O texto, assinado por Charlie Campbell, de Xangai, diz que à medida que os casos de Covid-19 se estabilizam no país e disparam ao redor do mundo, as medidas restritivas continuam. 


    Ele conta que, quando a Time visitou Wuhan, a capital da província de Hubei, em 22 de janeiro, os estudantes ainda estavam nos cafés e as pessoas compravam carnes e peixes para as festividades do Ano Novo Chinês.


    Mas, no início de março Wuhan era uma “relíquia fantasmagórica” depois de sete semanas de quarentena radical, que dizimou a economia.


    Ainda assim, diz o texto, a agência de imprensa oficial do país já anunciou um novo livro cujo tema é “como a excelente liderança de Xi derrotou o vírus”. Batizado de “A Grande Guerra do Poder”, será lançado em seis idiomas.


    A reportagem conta ainda que, apesar da massiva propaganda do partido comunista chinês, a vida na segunda maior economia do mundo está bem longe do normal.


   Os escritórios abrem lentamente, mas o aquecimento central é proibido pelo medo de espalhar germes. Os taxistas penduram folhas de plástico atrás dos bancos da frente dos carros para se protegerem dos passageiros.  

   “Um amigo de Pequim que voltou ao trabalho reclamou que a pulverização incessante de alvejante para combater germes havia matado todas as plantas do escritório”, diz o autor.



   Ele conta ainda que quando tentou marcar uma consulta com uma advogada, tinha que ser na Starbucks porque o escritório dela havia proibido visitantes. “E mesmo assim foi repreendida por ficar mais de um metro e meio enquanto me testemunhava assinar documentos”.


 INVERSÃO DE PRECONCEITO
   

   
    Enquanto os asiáticos enfrentam preconceitos em todo o mundo devido ao vírus, na China agora são os estrangeiros o alvo de suspeitas à medida que os casos aumentam no exterior.


    O país divulga que todos os novos casos da doença são de chineses que voltaram de viagens ao exterior. Por isso, as medidas de restrições em Pequim continuam.


   Mas, assim como acontece nos EUA e em outros países que enfrentam a pandemia, as restrições diferem entre as cidades chinesas e a falta de clareza em relação a esses protocolos “têm um efeito assustador nos negócios”.


   Segundo o jornalista, mesmo aqueles que vão de Xangai à cidade vizinha de Suzhou para uma reunião são obrigados a ficar em quarentena de 14 dias, talvez até em uma instalação do governo. Claro que a medida afasta qualquer visitante.


   Aqueles que ficaram em casa também devem se manter em isolamento se um colega ou membro da família retornar do exterior ou de outra província.


  “Tem sido confuso”, diz Ker Gibbs, presidente da Câmara de Comércio Americana de Xangai. “As pessoas não sabem se podem acessar seu próprio prédio, quanto mais seu escritório.”


TODOS FICHADOS!
    Segundo a Time, em toda a China funcionários na parte externa dos prédios de escritórios e residenciais anotam os nomes dos visitantes, informações de contato e histórico de viagens para abastecer um banco de dados policial. 


   Em algumas cidades, os moradores devem registrar números de telefone em um aplicativo para usar o transporte público.


    A gigante do varejo online Alibaba lançou um aplicativo em 200 cidades que classifica os usuários de verde, amarelo ou vermelho, dependendo do histórico de viagens e eventuais contatos com pessoas infectadas. 


   Qualquer pessoa que tenha deixado a cidade nas últimas duas semanas está sujeita a obter um código que interfere em sua mobilidade. O verde é obrigatório para ter acesso à maioria dos shoppings e edifícios de escritórios nas grandes cidades.


   Assim, poucos reservam viagens frívolas para não comprometer sua pontuação. O vermelho requer quarentena de 14 dias. Diz a publicação que alguns foram obrigados a se colocar em isolamento sem explicar o porquê.