ALAIN EM PARIS: DESCUBRA O INCRÍVEL CANAL SAINT MARTIN

Aproveite o restinho do verão para fazer o passeio que os parisienses amam. Aqui seus endereços preferidos!

POR ALAIN ROUSSEAU

Aqui estamos: setembro acabou de começar.

É certamente um dos meus meses preferidos do ano em Paris: um coquetel de verão chegando ao fim e o outono logo ali na esquina.

Para aproveitá-lo ao máximo, convido-o a ir ao Canal Saint Martin, um dos passeios favoritos dos parisienses durante o dia e um local de festa para os jovens à noite, lembrando que é o local ideal para tomar um drinque com os amigos à beira da água.

Todo cinéfilo conhece o Canal Saint Martin pela frase dita pela atriz Arletty no lendário “Hôtel du Nord”: « Atmosphère ! Atmosphère ! Est-ce que j’ai une gueule d’Atmosphère ? » (“Atmosfera! Atmosfera! Estou parecendo uma atmosfera?).

Mais recentemente, foi na eclusa do Temple que Amélie Poulain fez seus famosos ricochetes. 

Cena do filme Amelie Poulain no Canal de St Martin / Foto Divulgação

UM POUCO DE HISTÓRIA

Napoleão Bonaparte criou o Canal Saint-Martin em 1802, quando decidiu ter uma rede de canais para abastecer os parisienses com água potável, mas também para servir como via fluvial para o transporte de mercadorias e materiais de construção para o centro de Paris. Entre essas hidrovias artificiais, o Canal Saint-Martin começou a ser escavado em 1805 e foi concluído 20 anos depois, no final de 1825.

O canal já tinha a mesma aparência que tem hoje. Composto por nove eclusas, ele nasce no Bassin de la Villette, que ainda era apenas um vilarejo fora da capital, e deságua no rio Sena, no Port de l’Arsenal, na Bastilha.

Foi 40 depois de sua criação que o Canal Saint-Martin passou por sua mais profunda mudança. Naquela época, o prefeito Haussmann estava planejando criar o Boulevard Voltaire, mas se deparou com um grande problema. A presença do canal na rota do futuro bulevar exigiria o uso de uma ponte móvel, o que dificultaria a passagem de carros nos períodos de pico. O engenheiro Eugène Belgrand, pai do sistema de esgoto e do poste pneumático, resolveu o problema rebaixando o canal em 6 metros.

Agora era possível instalar uma ponte fixa sem afetar a navegação interior ou o tráfego rodoviário. E como o canal agora era muito mais profundo do que a faixa de rodagem em sua seção sul, foi naturalmente decidido cobri-lo. O resultado foi o boulevard Richard Lenoir e, mais tarde, o boulevard Jules Ferry. 

Nesse meio tempo, surgiram várias fábricas, armazéns e oficinas, que desapareceram na primeira parte do século 20. Hoje, resta apenas um vestígio dessa época: a imponente fábrica de papel Exacompta, instalada em uma antiga estação de energia.

Fotos Alain Rousseau

É a última grande fábrica ainda em funcionamento dentro dos muros de Paris, mas é impossível entrar nela, pois a família proprietária não permite a entrada de estranhos.

NOSSO ROTEIRO

Vamos começar nosso passeio com um almoço no Chez Prune, bem próximo à Place de la République.

Uma verdadeira instituição local, o Chez Prune é um bistrô parisiense tradicional com piso de mosaico, mesas de madeira e objetos vintage. Situado na esquina da rue Beaurepaire, é o local ideal para saborear a culinária francesa requintada, e eu recomendo suas tábuas de charcutaria, que podem ser apreciadas com um bom vinho tinto.

Continuamos com uma sessão de compras no Quai de Valmy, com uma parada obrigatória na livraria Artazar.

Com sua fachada vermelha, essa antiga fábrica de calçados se tornou um marco no canal. Um verdadeiro templo do design e da arte, ela às vezes recebe exposições, transformando-se em uma verdadeira galeria de arte. Se estiver procurando um livro sobre arte, design ou moda, você veio ao lugar certo.

Uma nova parada em um lugar único: Le Comptoir général.

Localizado no 80 quai de la Jemmapes, o Comptoir Général é bastante difícil de descrever, pois é muito heterogêneo. Instalado em um antigo estábulo de 600 m², é uma mistura de bricabraque de todo o mundo. 

Seus fundadores a descrevem como “uma utopia maravilhosa”.

Depois de sua caça às pechinchas, você pode tomar um drinque no simpático bar desse refúgio exótico, que é movido por muitos valores importantes: seus lucros são usados para financiar produtos artísticos e solidários. É também um dos melhores brunches de Paris aos domingos!

Outro local incrível é o Le Point Éphémère. Localizado no nível da água, é tanto um lugar para viver e se abrir para os outros quanto para criar. Três coisas que estão intimamente ligadas. É também o melhor lugar para se ter uma visão geral do Canal e tirar algumas fotos inesquecíveis de seu rooftop.

Além de ser um ótimo lugar para tomar um drinque e um ponto de festa essencial, o Point Éphémère também é um restaurante onde você pode descobrir sabores raros graças a uma cozinha de fusão que mistura as culturas africana, caribenha, americana e francesa. E nas manhãs de domingo, o café da manhã é americano!

Se preferir, você também pode descobrir o Canal Saint-Martin de barco.

Tudo o que precisa fazer é embarcar no Port de plaisance de Paris Arsenal, logo abaixo da Place de la Bastille e sua Opera House. Você partirá em uma viagem que o levará pela misteriosa abóbada da Bastilha, onde a luz é mágica, até o Parc de la Villette.

ALAIN ROUSSEAU tem dois amores: Paris e Brasil. Vive na capital francesa hás 30 anos, mas morou e trabalhou em São Paulo durante oito anos. Nunca mais se desligou do país. Apaixonado por arte e gastronomia, ele é o que os franceses chamam de bon vivant, alguém que gosta de descobrir novidades e que vai trazê-las aqui toda semana.

GOSTOU? COMPARTILHE AGORA:

X | Twitter
Telegram
Facebook
LinkedIn
WhatsApp