Tudo bem que é temporada de festas e o ritmo de final de ano desacelerou. Mas, um assunto não deixa de assombrar os brasileiros: a alta do dólar. Não adianta tirar a cotação do Google, como quer o governo. A tendência é que a moeda norte-americana se mantenha em alta ao longo de 2025.
Como o ajuste fiscal aprovado pelo Congresso será insuficiente para estabilizar as contas públicas, a consequente percepção de aumento de risco deve seguir impactando a taxa de câmbio – que alcançou o maior patamar da história ao atingir R$ 6,26 antes do Natal.
Por isso, qualquer planejamento de negócios precisa ser avaliado com cautela pelos empresários. O alerta é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). E não há sinais de que, no curto prazo, o Real consiga obter qualquer valorização sustentável.
Dessa forma, aponta a FecomercioSP, “frente ao câmbio desvalorizado, o que se espera é maior pressão sobre a inflação, já que haverá aumento no preço das importações.
“É necessário que as empresas se protejam, procurando, no caso daquelas que tenham obrigações em dólar, apostar em fundos que estejam vinculados à moeda, já que os riscos do mercado cambial são grandes.”
A entidade recomenda ao varejista buscar produtos substitutos nacionais ou melhorar as condições negociadas com os parceiros de fora do país. Os empresários devem ainda evitar exposições, realizando empréstimos apenas em último caso, já que as taxas de juros tendem a ficar mais altas.
RISCOS FISCAIS?
Na avaliação da FecomercioSP, o pacote fiscal não será suficiente para resolver a questão já que as medidas não foram implantadas para cortar custos, mas sim para diminuir o ritmo de crescimento das despesas.
Além disso, diz a FecomercioSP, a negação do problema fiscal pelo governo reduz ainda mais a confiança nas suas ações, escancarando que a atual conjuntura parece insustentável, o que contribui para a saída de recursos em dólar do Brasil, desvalorizando o real.
A alta do dólar também decorre de fatores externos, como o receio de que o próximo governo de Donald Trump cumpra as promessas de campanha, trazendo a produção de volta para os EUA, ocasionando o aumento de custo em razão de mão de obra e matéria-prima mais caras.