Os consulados americanos em todo o mundo não estão concedendo os vistos F e J voltados, respectivamente, para estudantes e participantes de programas de intercâmbio. A medida foi anunciada pelo Departamento de Estado dos EUA para que possa se adequar à análise dos perfis dos candidatos, principalmente verificando seus perfis nas mídias sociais. Não há prazo definido para retomada.
A suspensão atinge milhares de pessoas que estavam com processos em andamento, entrevistas agendadas ou matrículas confirmadas para cursos com início nos próximos meses, aguardando apenas a emissão do visto para embarcar.
Segundo o advogado Daniel Toledo, especialista em direito internacional, a decisão do governo americano surpreendeu estudantes brasileiros que planejavam iniciar programas de ensino superior ou cursos de inglês nos Estados Unidos, já a partir de agosto. Muitos já haviam pago taxas, emitido documentos e realizado reservas de hospedagem. Ele acrescenta que instituições de ensino também aguardam orientações do governo e não sabem como proceder para solucionar esses casos.
O QUE FAZER?
Toledo alerta que, embora a suspensão seja temporária, não há garantias de quando o sistema voltará a operar normalmente. Ele recomenda que os alunos entrem em contato com suas escolas ou universidades e verifiquem as possibilidades de reembolso, adiamento ou adaptação da matrícula. “Converse com sua instituição. Cada escola poderá adotar uma política própria para lidar com essa incerteza , seja oferecendo nova data de início, devolução de valores pagos ou remanejamento para outras turmas”, diz.
Por ora, não há há muito o que fazer. O momento exige paciência e estratégia. “Muitos estudantes estão angustiados, e com razão, mas não é o caso de desespero. Essa paralisação tende a ser seguida por uma reestruturação das regras. A melhor atitude agora é manter diálogo com as instituições e buscar apoio profissional para entender os próximos passos com segurança”, diz.
Para ele, essa decisão do governo Trump é também uma resposta a práticdas irregulares realizadas nos últimos anos. Entre elas, a permanência prolongada nos EUA sob pretextos educacionais e a utilização indevida de vistos de turismo para ganhar tempo para depois aplicar para o visto de estudante.
“Há muito tempo alertamos sobre os abusos que estavam ocorrendo. O governo americano agora optou por interromper o sistema antes de definir novas regras mais rigorosas”, afirma Toledo.
Entre as possíveis novas exigências estão a concessão de acesso direto a extratos bancários para evitar fraudes documentais e o cruzamento de dados digitais, como redes sociais e históricos de movimentação.
Para quem já obteve o visto F ou J com antecedência e tem viagem marcada, o advogado acredita que a autorização continuará válida, mas recomenda cautela. “Neste momento, a suspensão vale para novos pedidos. Não há sinalização de cancelamento de vistos já emitidos, mas é essencial acompanhar cada caso com atenção”, afirma.