EX-FUNCIONÁRIA DO FACEBOOK PEDE AO SENADO REGULAMENTAÇÃO; PLATAFORMA CONCORDA!

   Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook, que falou ao Congresso americano nesta terça-feira (5), atirou vários torpedos na imagem pública do CEO Mark Zuckerberg e de seus negócios bilionários.

  Ela afirmou, durante audiência no Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado, que o gigante da mídia social “coloca seus lucros acima da segurança das pessoas”, é uma ameaça à democracia e causa violência.

   Repetiu várias vezes que Zuckerberg sabe e encouraja as práticas prejudiciais de seu site.

   ‘A liderança da empresa conhece maneiras de tornar o Facebook e o Instagram mais seguros e não fará as mudanças necessárias porque colocou seus lucros astronômicos antes das pessoas. É necessária ação do Congresso ‘, afirmou.


MUITO PODER

   Ao longo do depoimento, Haugen disse que “zuckerberg tem um papel único na indústria de tecnologia, pois detém mais de 55% de todas as ações com direito a voto do Facebook. Não há ninguém atualmente responsabilizando-o a não ser ele mesmo”.  

   Ela contou aos senadores que ele esteve diretamente envolvido nas decisões da empresa que priorizaram o lucro em vez de “mudanças que teriam diminuído significativamente a desinformação, discurso de ódio e outro conteúdo incitante”.

  A denunciante também acusou o Facebook de se basear em ‘códigos de conduta imprópria’.

  “Vez após vez, o Facebook diz uma coisa e faz outra. Não cumpre os compromissos assumidos e, repetidamente, mente sobre o que está fazendo ‘, disse.



SENADORES REAGEM

 O senador democrata Richard Blumenthal criticou Zuckerberg por ter ido velejar no Havaí em vez de responder às questões dos legisladores, classificando sua plataforma como ‘falência moral’.

  Já o senador Ed Markey alertou que o Congresso vai agir com ou sem a ajuda do CEO.

  “Seu tempo de invasão de privacidade, promoção de conteúdo tóxico e predação de crianças e adolescentes acabou. Você pode trabalhar conosco ou não, mas não permitiremos mais que sua empresa prejudique nossos filhos, nossas famílias e a democracia ”, disse ele.


GRANDE EXPERIÊNCIA 

  Frances Haugen revelou que trabalha como gerente de produto em grandes empresas de tecnologia desde 2006. Passou pelo Google, Pinterest, Yelp e Facebook, onde ingressou em 2019. 

 À época, ela disse ter pedido aos executivos da plataforma que a colocassem em uma área para combater a desinformação porque havia perdido alguém que radicalizou online.

   “Durante meu tempo no Facebook, percebi uma verdade devastadora: quase ninguém fora do site sabe o que acontece dentro dele. A empresa oculta intencionalmente informações vitais do público, do governo dos Estados Unidos e de governos em todo o mundo”.

   Por isso, ela diz que resolveu falar:
 
  “Hoje, o Facebook molda nossa percepção do mundo escolhendo quais informações vemos. Uma empresa com controle sobre nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos mais profundos precisa de supervisão real.”


O QUE DIZ O SITE?

  A diretora de Comunicação do Facebook, Lena Pietsch, divulgou uma nota, dizendo que eles não concordam com muitas das informações dadas por Haugen, que trabalhou menos de dois anos na empresa e não teve acesso a encontros de executivos ou a relatórios.

   Apesar disso, havia um ponto em comum: “Concordamos que precisam ser criadas regras para a internet. É tempo de o Congresso entrar em ação”, diz o comunicado.