POR SIMONE GALIB
Centenas de empresários já se preparam para deixar o país diante da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, imposta por Donald Trump, e que entrará em vigor a partir de 1º de agosto de 2025.
O anúncio feito pelo presidente americano, na semana passada, gerou um tsunami de apreensões entre empresários brasileiros dos mais diversos setores. Eles estão apavorados. Os telefones nos escritórios de consultorias internacionais especializadas em imigração americana dispararam, assim como as reuniões entre os clientes.
A classe empresarial busca respostas e orientação para proteger seus negócios e suas famílias da insegurança fiscal e jurídica que assombra o país e escalona em uma crise comercial sem precedentes. Assim, estão abrindo empresas nos Estados Unidos para fugir da nova tarifa. Eles internacionalizam seus negócios. Muitos, pretendem manter apenas uma filial no Brasil.
“Se essa taxação, de fato, acontecer, será a quebra do Brasil; tudo vai arrebentar, afirma o advogado Guilherme Vieira, CEO da ON Set Consultoria Internacional.
Vieira, que é licenciado como consultor legal estrangeiro pela Suprema Court de Massachusetts, palestrante e estrategista de marketing com foco nas relações comerciais entre Brasil e EUA, não esconde o seu sentimento de preocupação e de tristeza:

“Quem sustenta o Brasil são os empresários e é muito triste vê-los indo embora do país. Muitos que não queriam sair, agora tomam a decisão”.
Segundo ele, desde o anúncio de Trump, o seu escritório já recebeu 57 ligações de empresários buscando análises e conselhos sobre qual a melhor atitude a tomar, além de ter feito 27 reuniões em menos de uma semana. A demanda é gigantesca, envolvendo empresários de praticamente todos os setores da cadeia produtiva nacional.
Para Vieira, é hora de sentar e negociar com os EUA e não bater de frente, colocando a questão apenas no âmbito político, como estão fazendo. “Nem se quiserem, vão conseguir manter essa postura”, diz ele referindo-se ao comportamento do governo brasileiro.
“Não estão levando em conta a situação dos empresários, seus medos, suas apreensões, seus negócios. Nada disso é pontualizado. Os EUA podem sofrer algum prejuízo, sim podem. Mas, o Brasil será o principal afetado. Será um suicídio”, afirma o especialista.
O QUE FAZER
Apesar da insegurança generalizada, Vieira acredita que ainda há tempo de resolver a questão de forma estratégica, a exemplo do que fizeram outros países.
Por isso mesmo, aconselha os empresários a não tomarem decisões precipitadas, porque elas podem causar ainda mais prejuízos. Devem ainda tirar o foco da política e olharem para os seus próprios negócios, sempre levantando um leque de possibilidades dentro do melhor custo-benefício.
O especialista diz ainda que, por outro lado, esta é uma das melhores fases para aqueles que querem investir nos EUA, porque recebem até isenções do governo americano. “Mas, também é a pior para os que estão de forma ilegal”.