EXÔDO: POR QUE OS BRASILEIROS ESTÃO DEIXANDO SEUS EMPREGOS?

   Que o mundo virou do avesso, a gente já sabe. E o Brasil vive um processo curioso: milhares de pessoas estão pedindo voluntariamente demissão de seus empregos.

  Mesmo com uma inflação acima dos dois dígitos – a maior dos últimos 26 anos – e cerca de 12 milhões de desempregados, muitos decidiram jogar tudo para o alto, abrindo mão de benefícios, como FGTS, plano de saúde e férias remuneradas.

  Em 2021, o número de pedidos voluntários superou os de demissões sem justa causa (quando a empresa decide dispensar o funcionário).

 E os três primeiros meses de 2022 bateram recordes sucessivos de pessoas saindo de seus empregos. Hoje, são em média 500 mil pedidos de demissão por mês, o maior número dos últimos oito anos.

 QUE ONDA É ESTA?

 Nos Estados Unidos, o fenômeno foi batizado de “a grande renúncia” pelo psicólogo Anthony Klotz para descrever as demissões voluntárias desde o início da pandemia de covid-19, quando 4,5 milhões de americanos deixaram seus empregos.

  As pessoas perceberam que têm outras opções. Além disso, estão desmotivadas e esgotadas, segundo um estudo feito pela empresa McKinsey para entender o fenômeno.

  Para alguns especialistas, tanto no Brasil quanto no mundo, como muitos perderam seus empregos durante a pandemia, acabaram aceitando atividades inferiores às suas qualificações e salários.

  Com a vida voltando ao normal, essas pessoas passaram a procurar ocupações mais condizentes com sua situação anterior.

  O trabalho remoto também melhorou a qualidade de vida com a flexibilização dos horários e otimização do tempo, antes perdido no trânsito.  


QUEM SÃO OS PROFISSIONAIS?

  No Brasil, os que mais pediram as contas em 2021 foram os operadores de telemarketing ativo e receptivo, auxiliares de logística e atendentes de lanchonete, mostra uma análise feita pela revista Você S/A

  Em 2021, a maioria dos pedidos de demissão foram feitos por homens e por pessoas com até 30 anos.