Uma acão civil bombástica caiu no colo da Meta, de Mark Zuckerberg. Investigadores do estado do Novo México afirmam que menores de idade do Facebook e do Instagram estariam expostos a conteúdo sexual adulto e mensagens de supostos aliciadores de crianças.
Esse conteúdo incluiria “fotos e vídeos de órgãos genitais” e até pagamentos milionários para atuarem em filmes pornográficos.
A história foi revelada pelo Wall Street Journal. Os investigadores criaram contas de perfis fictícios em ambas mídias sociais, usando fotos geradas por IA, de crianças com 14 anos ou menos.
A denúncia foi apresentada na terça-feira (6) no Tribunal Estadual do Novo México.
‘CONDUTA ILEGAL’
“A Meta permitiu que o Facebook e o Instagram se tornassem um mercado para predadores em busca de crianças. A conduta não é apenas inaceitável, mas ilegal”, diz a reportagem.
O CEO da Meta foi citado no processo como co-réu, uma vez que tem responsabilidade pessoal pelas decisões de design de aplicativos que colocaram crianças em risco, argumenta a denúncia.
Esse não é o único problema da plataforma com a Justiça dos Estados Unidos.
Em outubro último, um grupo de 33 procuradores-gerais do estado processou a Meta, sob a alegação de que ela incorporou ‘recursos viciantes’ em seus aplicativos, não levando em conta seus usuários jovens.
Além disso, os repórteres do Wall Street Journal, em investigação recente, criaram contas fictícias, descobrindo que o Reels do Instagram recomenda “filmagens picantes de crianças”, bem como vídeos abertamente sexuais para usuários adultos que seguem crianças.
MUITO ENGAJAMENTO!
O processo revela ainda que os investigadores estaduais criaram uma conta tipo teste com o nome de Issa Bee, afirmando ser uma menina de 13 anos, vivendo em Albuquerque, Novo México.
“O perfil falso ganhou mais de 6,7 mil seguidores no Facebook, a maioria deles homens com idades entre 18 e 40 anos”, diz a denúncia.
A conta fake Isabela Bee também recebeu propostas sexuais de usuários adultos, entre os quais um que teria oferecido “US$ 5 mil por semana para que a garota fosse a sua sugar baby”.
O processo diz ainda que no Facebook Messenger, as mensagens e bate-papos estão cheios de fotos e vídeos de genitália masculina, que recebe entre três e quatro vezes por semana”. E ela não tem como filtrar as mensagens.
Assim, com base na análise do perfil de Isa, “é evidente que o Facebook não está verificando o texto das mensagens para proteger a segurança infantil”, afirma o processo. E acrescenta que nenhuma mensagem foi removida ou denunciada pela plataforma.
Os investigadores foram mais fundo: eles criaram um perfil fictício que supostamente pertencia à mãe da menina e estava repleto de postagens indicando que ela estava disposta a traficar sexualmente sua filha.
“Zuckerberg e outros executivos da Meta estão cientes dos graves danos que seus produtos podem representar para os usuários jovens e, ainda assim, não conseguiram fazer mudanças suficientes em suas plataformas, que impedissem a exploração sexual de crianças”, disse o procurador-geral do Novo México, Raul Torrez, em um comunicado.
Ele acrescentou que os executivos da Meta continuam “a dar prioridade ao engajamento e às receitas publicitárias em detrimento da segurança dos mais vulneráveis.”
Procurada pelo Wall Street Journal, a Meta não se manifestou sobre as denúncias do processo. Argumentou que faz grandes esforços para proteger os usuários jovens dos perigos.
“Usamos tecnologia sofisticada, contratamos especialistas em segurança infantil, reportamos conteúdo ao Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas e compartilhamos informações e ferramentas com outras empresas e autoridades policiais, incluindo procuradores-gerais do estado, para ajudar a erradicar predadores”, afirmou a empresa.