JORNAL AMERICANO DEFINE O BRASIL ATUAL EM 6 DIVERTIDAS PALAVRAS

   

  Chegou a hora dos Jogos Olímpicos. A imprensa
internacional já está aqui, observando e falando de tudo, especialmente sobres nossos
problemas, que não são poucos. Mas, também não falta humor. Shannon Sims, repórter
do jornal
The Washington Post, fez um mini dicionário de português sobre o
Brasil atual.
  Com o
título
SIX WORDS THAT TELL YOU EVERYTHING YOU NEED TO KNOW ABOUT BRAZIL (seis
palavras que contam tudo o que você precisa saber sobre o Brasil), o
correspondente tenta explicar aos americanos o que são petralhas, coxinhas, zoeira etc
etc. É de rolar de rir.
 O repórter abre o texto dizendo que geralmente
as palavras que os estrangeiros aprendem aqui são obrigado e saudade. “Mas
nestes tempos problemáticos a cultura brasileira está mais complicada do que a
palavra saudade”. A partir daí, começa a traduzir para o inglês o novo
dicionário da “complexa história do Brasil”. Ah… ele também ensina a
pronúncia.
Crise (KREE-see)

This one is easy enough to translate into English, but
in Brazil, it often refers to the country’s current economic crisis. Following
several boom years, the bottom dropped out of Brazil’s economy. The country
is in
one of the greatest recessions of its history, and signs of the economic crisis are
everywhere, from half-finished construction projects to shrinking businesses.
The word crise has become Brazilians’ shorthand
explanation for why something’s gone wrong over the past year. “We didn’t go on
vacation because, you know, the crise.”

“Não é fácil traduzir para o inglês,
mas é como o Brasil se refere à atual crise econômica. Depois de vários anos de
crescimento, o país enfrenta uma das maiores recessões de sua história, e os
sinais estão em toda a parte, desde os projetos de construção inacabados até
a queda nos negócios. A palavra crise é usada pelos brasileiros para explicar
tudo o que está errado desde o ano passado. “Nós não saímos de férias porque,
você sabe, a crise.’  

Gourmetização (gor-MAY-tee-zah-sahw)

“Gourmetização is the act of turning everything, especially foodstuffs,
into something more sophisticated (gourmet) and consequently more expensive.
Instead of a hot dog that costs 5 Brazilian reais, gourmetização would
call for you to add fancy stuff like gorgonzola and shiitake mushrooms on top
and sell it for 11 reais. This trend popped up in Brazil over the past three
years in parallel with the food truck boom. The trucks had to stand out to
compete, which meant not selling French fries, but selling sweet potato crisps
with rosemary truffle oil. The irony is that gourmetização has
happened in conjunction with the crise, which perhaps stands as a
testament to the resiliency of consumer culture in Brazil.”

Gourmetização é o jeito de tornar
tudo, especialmente comida, em algo mais sofisticado (gourmet) e mais caro. Um
hot dog que custa R$ 5, com o acréscimo de gorgonzola e cogumelos, é vendido
por R$ 11. Essa tendência surgiu nos últimos três anos na paralela do boom do
truckfood. Os carrinhos precisam ganhar destaque, o que significa que não
vendem fritas, mas sim fritas de batatas-doce com óleo de trufa de alecrim. A
ironia é que esta gourmetização surgiu junto com a crise, o que talvez seja um
testamento da resiliência da cultura do consumo no Brasil.
Petralha (pet-RAL-ya)

“The petralha is a negative slang
term used by Brazilians who favor the
impeachment of President Dilma Rousseff to refer to supporters of her leftist Worker’s Party (called PT – the
root of the term) and her party’s patriarch, former president Luiz Inacio Lula
da Silva.” (A petralha thinks that Rousseff’s recent suspension
from office was a coup.) Stereotypical negative images of a petralha include
a lazy welfare recipient, a union worker on strike, and a weed-toking, bearded
university student majoring in sociology. At protests, petralhas wear
red and shout “Fora Temer!” (“Out, Temer!”), referring to 
interim President Michel Temer, who stepped into Rousseff’s job.

                                                                                                                             
   Petralha é um termo de baixo calão usado pelos brasileiros a favor do
impeachment da presidente Dilma Rousseff, referindo-se aos que apoiam o partido
dela (chamado PT, a raiz do termo) e ao seu patriarca de partido, o presidente
Luiz Inacio Lula da Silva (o petralha acha que a suspensão de Dilma foi um
golpe). Imagens negativas estereotipadas de um petralha incluem a união de um
trabalhador em greve, uma erva-daninha, com um universitário barbudo, a maioria
estudante de sociologia. Nos protestos os petralhas usam vermelho e gritam fora
Temer, referindo-se ao presidente interino Michel Temer, que entrou no lugar de
Dilma.

(Aqui ele acertou em parte. Não sei se por falta de conhecimento ou para ser politicamente correto, o repórter não explicou que a inspiração do nome petralhas foi em cima dos Irmãos Metralhas, personagens ladrões das histórias em quadrinhos)


 Coxinha (koh-SHEEN-ya)

“Coxinha has one meaning which is Brazil’s most famous
street snack. Another is the opposite of the petralha, and what
Rousseff’s supporters call someone who was in favor of her impeachment and
supports centrist-right politicians, like Temer. The stereotypical negative
image of a coxinha is a rich, bourgeois playboy, wearing a
pastel polo shirt and popped collar, topped by Ray-Bans bought in Miami, and
sporting a big watch that his dad gave him for Christmas. At protests, coxinhas sing
the national anthem, wave the Brazilian flag, and wear yellow and green.”


 
Coxinha é um dos mais famosos salgados de rua do Brasil. Mas são assim chamados
pelos petralhas os defensores dos políticos de centro-direita, como Temer.
O coxinha é rico, um playboy usando uma camiseta polo pastel, com o colarinho
coberto por um Ray Ban comprado em Miami e ostentando um grande relógio que
ganhou do pai no Natal. Nos protestos, os coxinhas cantam o Hino Nacional, com a
bandeira brasileira, e vestem verde e amarelo.
Jeitinho (zhay-CHEEN-yo)

 “The jeitinho is the street-smart ability to wriggle out of
difficult situations. For many, this is a part of daily survival in Brazil. it’s
the MacGyvering out of a jam, and the winking of your way into beneficial
situations. But there is a bit of a negative connotation to the
 jeitinho as well, as it is often used as shorthand for
corruption. “He must have used a
 jeitinho to win that
big contract for his company.” It’s the normalization of this
 jeitinho in Brazil that some experts believe is at the heart
of Brazil’s economic and political crisis.

 O jeitinho é a
habilidade de sair fora de situações difíceis. Para muitos, isto é parte do cotidianono Brasil, uma forma de tirar vantagens das situações. Mas
há também uma conotação negativa do jeitinho; é frequentemente
associado à corrupção.
Alguns especialistas
acreditam que este jeitinho está no coração da crise econômica e política do
Brasil.”
Zoeira (zoh-AIR-ah)

“Technically, zoeira means a cacophony, or an instance in which someone is kidding with you.
In modern parlance, it refers to the act of joking around, even when things are
bad. This comes up mostly when bad news breaks and Brazilians quickly make a
million funny Internet memes about it. There is a saying in Brazil: “The
 zoeira never ends,” that is, Brazilians never quit joking.
In its essence, the word
 zoeira captures the
Brazilian cultural skill of making light of a bad situation.

 Tecnicamente,
zoeira significa uma cacofonia ou aquele momento em que alguém está brincando
com você. Na linguagem moderna, se refere ao ato de brincar, especialmente
quando as coisas estão ruins. 
 Quando surgem más notícias os brasileiros
rapidamente fazem milhares de memes divertidos na internet sobre elas. ‘A
zoeira nunca termina’, é isto. Eles não deixam de brincar. Na
essência, a palavra zoeira é habilidade cultural brasileira de iluminar uma
situação ruim.”
 #Rio2016, #jogosolímpicos #riodejaneiro