A pandemia, talvez, esteja desviando a atenção para o barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento nos EUA: os imigrantes ilegais. Estima-se que em 2021 mais de 1 milhão deles devem chegar à fronteira com o México.
A projeção foi feita por um oficial da Patrulha da Fronteira a repórteres que visitaram recentemente o local.
Cerca de 100 mil imigrantes ilegais foram presos em fevereiro último, o maior número desde o mesmo período em 2019, disse o subchefe da Patrulha de Fronteira dos EUA, Raul Ortiz.
Em março, o número de imigrantes tentando entrar ilegalmente no país bateu o recorde dos últimos 15 anos: foram 171 mil, 90 mil a mais em relação a janeiro, quando Joe Biden assumiu a presidência do país.
Ele acrescentou que entre abril e junho são os meses em que as pessoas mais tentam cruzar ilegalmente a fronteira para os EUA.
Um dos problemas mais sérios envolve o tráfico de pessoas para o país e principalmente a situação de vulnerabilidade das crianças.
Em março, 19 mil dos imigrantes barrados na fronteira eram menores desacompanhados.
O alerta foi dado pelo secretário do Departamento de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas. Em um comunicado ele criticou duramente a prática.
“A forma desumana como os contrabandistas abusam das crianças enquanto lucram com o desespero dos pais é criminosa e moralmente repreensível. Apenas neste mês, uma menina morreu por afogamento, uma criança de seis meses foi jogada no rio e outras duas crianças foram jogadas de uma parede e deixadas sozinhas no deserto.”
Segundo ele, “as crianças são vulneráveis quando colocadas na mão de contrabandistas, por correrem grande risco de serem exploradas e prejudicadas”.
A declaração foi dada após a exibição de um vídeo, divulgado por um oficiaal da Patrulha de Fronteira no Novo México, que mostrava contrabandistas largando duas meninas sobre uma barreira de 14 metros de altura antes de abandoná-las.
Eles foram flagrados por câmeras, deixando as crianças, de 3 e 5 anos, sozinhas no meio do deserto do Novo México, a quilômetros da residência mais próxima.
As duas meninas são irmãs e vieram do Equador, dizem as autoridades. Elas foram recolhidas, levadas a um hospital para avaliação e, depois de liberadas, estão em uma instalação de detenção temporária.
Casos como esse se repetem todo dia e os centros de imigração estão abarrotados de pessoas vivendo em condições precárias em um momento que se prega o distanciamento social.