O Brasil vive um momento histórico: há milhões de pessoas nas ruas há 15 dias, lutando pela liberdade, abuso de poder, contra a censura e prisões ilegais.
É uma revolução pacífica, sem armas, sem brigas ou depredações, um grito de basta à impunidade entoado de norte a sul do país, que vive hoje um totalitarismo sem precedentes.
Ela é patrocinada pelo povo desta nação miscigenada: pessoas de todas as classes sociais, idades e etnias estão desde o dia 1º de novembro, dormindo e acordando em frente aos comandos militares nacionais. E a imprensa não mostra, ignora.
A principal palavra de ordem é um pedido de socorro às Forças Armadas. O povo entende que não tem mais para onde correr.
Um dos locais que se tornou símbolo do movimento, batizado de Resistência Civil, é o Palácio Duque de Caxias, no centro do Rio de Janeiro, hoje sede do Comando Militar do Leste.
Essa região nos arredores da praça da República foi cenário de alguns dos mais importantes acontecimentos políticos da história do Brasil, como a aclamação de Dom João 6º como rei de Portugal e o Dia do Fico – quando dom Pedro 1º discursou como imperador do Brasil.
Com a chegada da família real ao Brasil, houve a necessidade da criação de uma sede para o Exército. Foi projetado em 1811, construído em sete anos e ampliado em 1861, quando se tornou sede do Ministério da Guerra, sob o comando de Duque de Caxias. Em 1967, passou a ser chamado de Ministério do Exército.
Durante o Estado Novo passou por uma grande reforma. Na ala principal, voltada para a av. Getúlio Vargas, há dez andares, uma torre central com 13 pavimentos, além de subsolo e sobrelojas.
Ao fundo, uma ala de seis andares, fecha o complexo. Nos arredores também está o panteão de Duque de Caxias.
Em 1971, o Ministério da Defesa foi transferido para Brasília e três anos depois o conjunto arquitetônico recebeu o nome de Palácio Duque de Caxias, em homenagem ao patrono do Exército brasileiro.
E nesta terça-feira, 15 de novembro, data nacional da Proclamação da República, o Palácio Duque de Caxias entra em cena novamente como um dos protagonistas da história.
São aguardadas ali milhares de pessoas que, curiosamente, defendem a República em pleno século 21. O mesmo vai acontecer em mais de 250 cidades brasileiras. Todas em frentes aos quartéis, por uma questão de segurança.
As maiores manifestações estão previstas no Comando Militar do Sudeste, no Ibirapuera, em São Paulo, e no entorno do Quartel General do Exército, em Brasília, já ocupado há 15 dias por uma multidão.
O que virá a partir daí? Ninguém sabe.