A morte do médico Li Wenliang, um dos primeiros a alertar sobre o coronavírus, deixou os chineses furiosos e colocou o governo comunista da China no epicentro das discussões sobre a falta de liberdade de expressão.
O médico, de 34 anos, mandou uma mensagem a seus ex-alunos, dia 30 de dezembro, avisando que pacientes estavam em quarentena no hospital de Wuhan, onde ele trabalhava. E acabou sendo repreendido pela polícia chinesa por divulgar “informações falsas”.
Ele morreu na quinta-feira (6), vítima da doença, e virou um herói no país. A notícia foi o assunto mais lido no microblog chinês Weibo nesta sexta-feira (7), com mais de 1,5 bilhão de visualizações, diz o The Guardian.
Segundo a BBC, os chineses expressaram sua revolta com as hashtags: “o governo de Wuhan deve um pedido de desculpas ao dr. Li Wenliang” e “queremos liberdade de expressão”.
Muitos foram removidos do site, atendendo às exigências do governo que censura “conteúdo politicamente sensível”.
A mãe do médico disse a um canal de notícias chinês que “ele tinha muito potencial e talento. Não era o tipo de pessoa que mentiria”.
Ela também contou que não conseguiu se despedir do filho antes que fosse cremado. Disse também que o hospital mandou um carro para buscá-la junto com o pai “e enviaram o corpo para o crematório. “Nós não o vimos pela ultima vez”.
O jornal People’s Daily, do governo, respondeu às críticas, dizendo que “a China entrou em um estágio crítico do trabalho de prevenção e controle de epidemias. O país precisa mais do que nunca de solidariedade para vencer em conjunto uma batalha que não pode perder.”