O NATAL SEM LUZES DO BRASIL!

 O que aconteceu neste final de ano no Brasil que o Natal lembra mais um dos muitos feriados prolongados e Papai Noel parece ter dito um “tchau, queridos”? E não é culpa do calendário, não, que marca o dia 25 de dezembro em uma segunda-feira. 


 As ruas não estão iluminadas como antes (quem aguenta pagar a conta de luz, que teve aumentos estratosféricos ao longo do ano?). E hoje a gente pensa duas vezes antes de deixar o pisca-pisca da árvore de Natal ligado. Só à noite, um pouquinho, e olhe lá.


 Até mesmo as luzinhas made in China desapareceram de muitos edifícios da cidade, que antes reluziam na noite. A avenida Paulista, com suas fachadas que atraíam milhares de pessoas, continua movimentada. Porém, bem menos iluminada em relação aos anos anteriores. Palco das grandes manifestações dos últimos tempos, os gritos dos brasileiros indignados ficaram registrados e soam mais forte que os sinos de Natal.


 São Paulo não está fervilhando. Ao contrário: silenciou nestes últimos dias. Sim, temos a árvore do parque Ibirapuera e o show de luzes da fonte. Mas, também não é nada grandioso diante da imensidão do Brasil e dos cenários encantados das cidades europeias (mesmo que minúsculas), e americanas exibidas dia e noite nas mídias sociais.


  Nos grandes shoppings não vi nos últimos dias lojas lotadas, filas enormes em estacionamentos e multidões caminhando pelos corredores. Claro, eles estão mais movimentados, mas as lojas não, embora as televisões digam o contrário porque precisam preencher a grade com aquelas pautas típicas de final de ano. Até mesmo as praças de alimentação exibem mesas e cadeiras vazias.


  O dinheiro anda curto, claro, e os preços nas alturas, embora os índices oficiais apontem uma inflação decrescente. Isso não se aplica ao comércio, aos serviços e ao nosso dia a dia. Tudo está muito caro por aqui. Assim, sobram produtos (principalmente os de Natal) nos supermercados que exibem prateleiras cheias e corredores vazios.


   Culpa da crise? Em parte, sim. Mas, o brasileiro tem cultura de crise econômica e se acostumou ao longo do tempo a transitar em situações difíceis. Quem tem mais de 30 anos, já passou por Natais extremamente inflacionados.


  Então, o que acontece com esse povo alegre e cheio de jogo de cintura? O brasileiro perdeu praticamente tudo – o orgulho da pátria, o emprego, a confiança em dias melhores, a esperança de que o gigante fosse acordar e com sua força excepcional arrancaria todas as ervas daninhas que infestaram o país.


  Houve vitórias imensas, mas também decepções profundas. Fica até mesmo difícil desejar um Feliz Natal ou votos de um próspero ano novo como antes. Porque sabemos que há um mar de dificuldades pela frente e ninguém está em contagem regressiva para o término de 2017, porque não temos perspectivas para 2018. E essa energia de ódio, revolta contra a impunidade e a corrupção contaminou as pessoas.


  O crime organizado roubou tudo o que pôde e uma sociedade refém deste sequestro moral não tem absolutamente nada para festejar.


  As luzes do Brasil se apagaram – e não foram apenas as de Natal!    Elas só voltarão a brilhar no dia que o brasileiro recuperar a sua esperança no futuro (está difícil!!!)


  Mas, para que isso aconteça, é preciso sair da zona de conforto e, apesar da tamanha desilusão, lutar com todas as forças para afastar essa gente que levou a nossa dignidade enquanto nação!