O presidente Donald Trump vai demitir cerca de 9,4 mil trabalhadores da USAID, agência humanitária governamental que está no centro de um grande escândalo de corrupção, envolvendo atuação em vários países, inclusive o Brasil. Serão mantidos apenas 611 trabalhadores considerados essenciais.
O site da agência, que ficou fora do ar, voltou anunciando o fim das missões e o retorno programado dos funcionários no exterior para o país no prazo de 30 dias. Só permanecerão os essenciais.
A USAID está sendo auditada pela equipe DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), comandada por Elon Musk. Ele classificou a agência como uma “organização criminosa” e vem divulgando diariamente na sua plataforma X os gastos bilionários, usados para fins bem diferentes dos humanitários, por meio do dinheiro dos pagadores de impostos americanos.
Não é de hoje que surgem denúncias envolvendo a USAID (United States Agency for International Development). O ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA Mike Benz vem falando há muito tempo que a agência é um braço de manipulação geopolítica mundo afora.
Segundo ele, a agência financia ONGs ativistas, veículos de mídia em boa parte do mundo, se infiltra em universidades e movimentos políticos alinhados aos interesses do establishment americano. Ela foi criada em 1961 por John F. Kennedy e sempre teve uma conexão muito próxima com a CIA.
INTERFERÊNCIA NO BRASIL
Aqui, a USAID investiu milhões de dólares em organizações que atuam no debate público e nas eleições, influenciando políticas ambientais, sociais e de direitos humanos, além de perseguir candidatos políticos que eles consideram indesejáveis. O principal argumento é que essas ações são para “proteger a democracia e combater a desinformação”. Aliás, ambos os termos foram exaustivamente repetidos aos brasileiros nos últimos anos.
Em 2021, um ano antes da eleição presidencial do Brasil, a USAID fez uma parceria com o principal tribunal eleitoral do país, o TSE, para criar um “Guia global para combater a desinformação”, segundo reportagem do jornal A Gazeta do Povo.
Aliados de Trump alegam que projetos financiados pela agência influenciaram a eleição brasileira ao apoiar grupos que monitoram o discurso online. O ex-funcionário dos EUA Mike Benz chegou a dizer que Bolsonaro “ainda poderia ser presidente” e o Brasil teria uma internet livre se a USAID não tivesse atuado. A oposição brasileira pede uma investigação sobre para onde realmente foi o dinheiro da agência.
O grande problema, na avaliação de Benz, é que a agência direciona poderosas verbas a apenas uma ala ideológica, que se afiniza com a esquerda (socialistas, progressistas e a turma da cultura woke). As demais vozes são caladas ou perseguidas. A ação da agência foi intensa, por exemplo, durante todo o governo do presidente Jair Bolsonaro. Porém, o Brasil não é o único. A mesma estratégia já foi usada em diversos países da América Latina e não apenas na política. A economia é outro alvo importante.
Em um vídeo que está circulando nas mídias sociais, Mike Benz afirma que todos os ex-presidentes dos Estados Unidos sabiam, nos últimos 20 anos, sobre a corrupção na USAID, “mas nada fizeram porque estavam envolvidos”.
ABERTURA DE PROCESSO
Dois sindicatos representando funcionários da agência entraram com uma ação judicial, na quinta-feira (6) contra Trump, Rubio e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, a agência, o Departamento de Estado e o Departamento do Tesouro.
O processo argumenta que somente o Congresso pode dissolver a agência e chama as ações do governo Trump de “inconstitucionais e ilegais”.
Desde que assumiu, Trump prometeu esvaziar a atuação da agência e as repercussões já se espalham por vários países. Ele fez um duro post no X sobre a USAID e os inúmeros protestos que vêm sendo feitos pelos democratas e funcionários.

“O escândalo envolvendo a USAID está deixando a esquerda radical louca, e não há nada que eles possam fazer sobre isso, porque o modo como o dinheiro foi gasto, boa parte dele de forma fraudulenta, é totalmente inexplicável. A corrupção está em níveis raramente vistos antes. Fechem-na”. (Trump)
Os que estão acompanhando o desenrolar dos fatos dizem que esses escândalos envolvendo a agência governamental são apenas a ponta do iceberg e que muito ainda será revelado, inclusive envolvendo casos ocorridos no Brasil onde a atuação da USAID foi muito forte.