O lockdown na Itália teve um lado positivo: pesquisadores italianos aproveitaram o isolamento, no final de 2020, para usar um plano, até então secreto: limpar as obras de Michelangelo no interior da Capela dos Medici, em Florença, com uma colônia de bactérias.
A capela, ao lado da Basílica de São Lourenço, hoje um museu, sempre foi uma das atrações mais visitadas por turistas por abrigar obras de Michelangelo e guardar os restos mortais dos personagens mais célebres da história da cidade.
Em 2019, pesquisadores mapearam o local com uma tecnologia infravermelha, descobrindo materiais orgânicos nas esculturas de duas tumbas, localizadas na Nova Sacristia, onde Michelangelo trabalhou como arquiteto e escultor.
Foram testadas várias bactérias para fazer a faxina geral em uma área atrás do altar. Com o sucesso da experiência, o processo foi usado nas obras de Michelangelo, segundo publicou o The New York Times.
A primeira obra que recebeu a limpeza foi a tumba esculpida por Michelangelo para Giuliano di Lorenzo. Ela tem duas figuras: um corpo masculino, que simboliza o dia, e outro feminino, representando a noite.
O curioso projeto foi interrompido no início de 2020 pela pandemia e retomado em outubro com a reabertura do museu.
Os cientistas italianos usaram a bactéria SH7, trazida de um solo contaminado por metais pesados em um sítio na Sardenha, no sarcófago de Lorenzo di Piero, que foi enterrado junto com o filho Alessandro Medici.
Segundo os biólogos, parte do problema foi causado pelo corpo de Alessandro, que morreu esfaqueado e seu corpo foi jogado no local em um lençol. Com a sua decomposição, houve infiltração no mármore de Michelangelo, provocando manchas escuras.
A bactéria resolveu o problema, que se arrastava desde 2013 porque nenhuma técnica conseguia eliminar as profundas manchas. O resultado oficial da experiência será divulgado agora em junho.
Na natureza tudo se aproveita!