PÁSSAROS DO BRASIL VOAM PARA O MUNDO!

 

  A gaúcha Emanuelle Calgaro nunca estudou pintura em aquarela, mas ilustra com maestria e grande riqueza de detalhes as aves do Mato Grosso. O trabalho começa a render bons frutos!


 Seus pássaros, retratando a diversidade da fauna do estado, hoje alçam grandes voos: eles estão sendo exibidos em 11 países. E ela acaba de receber convites para expor no Carroussel Du Louvre, em Paris, e na Pop Up, em Berlim, na Alemanha.

 

  Não é pouca coisa para uma artista totalmente autodidata. Desde criança e adolescente, Emanuelle gostava de desenhar, mas nunca investiu profissionalmente no dom.

   Nascida no Sul do país, já adulta mudou-se para Cuiabá e a partir dali começou a bater asas para o grande momento que vive agora com suas criações alçando voos promissores.

  Nada planejado. Muito pelo ao contrário. Em 2020, a artista teve sérios problemas de saúde, que a levaram à internação em uma UTI de Cuiabá.

   Quando deixou o hospital, um novo desafio: a chegada da pandemia de covid-19, que lhe exigiu cuidados redobrados em casa e um confinamento ainda mais rígido.

  Sozinha e fechada no atelier, de frente para o jardim de sua casa, Emanuelle recebia a visita de um dos poucos seres vivos totalmente livres naquele momento: um colibri, que vinha diariamente sobrevoar suas flores.


  Assim, surgia sua conexão com os pássaros. Nesse meio tempo, ganhou de um amigo um livro sobre pássaros do Brasil. Essa ligação só cresceu! 

  “Nunca tinha usado aquarela na vida, mas os desenhos nasciam com hiperealismo sem que eu tivesse estudado qualquer técnica”, diz ela.

 O resultado foi a coleção Suspensão, com 61 desenhos de pássaros do Mato Grosso, estado com uma geografia única e natureza exuberante. Ali se concentram três biomas diferentes: a floresta amazônica, o cerrado e o pantanal mato-grossense.

  Aliás, um lugar perfeito para a prática do bird wathcing (observação das aves), algo que Emanuelle Calgaro capta e transforma em pura arte.


  “Sou uma atravessadora de mundos. Penetro realidades, percorro dimensões. Para mim, os pássaros são mensageiros, portais de acesso ao inimaginável, a liberdade, a transformação”, diz.

  E não é que eles chegaram para transformar o seu próprio mundo?  




Sou uma atravessadora de mundos. Penetro realidades, percorro dimensões quando desenho. Isso se dá a partir do meu observar e sentir, que é onde pertenço. Para mim os pássaros são mensageiros, portais de acesso ao inimaginável, a liberdade, a transformação. São suspiros renovadores, repositores de energia. Os escolho a partir de referencias visuais em livros, fotografias e observação in loco. Observo então o que o olhar desse pássaro me transmite. Depois a forma e estrutura do bico para compreender com ele se alimenta, e a coloração das plumas. Escolhi dar ênfase as cabeças e aves em pouso, pois era assim que me sentia, focada, pousada. Mas ao longo da produção foram surgindo exemplares em voo, transmitindo a curva crescente do meu processo de cura, evolução interna e transformação. No fazer, início pelos olhos, que é o que os dá vida e aumenta a conexão com eles.  Depois faço o bico para que possam se nutrir e depois as penas e plumas em todo o seu colorido para que possam se aquecer, se proteger do sol e da chuva e alçar altos voos.