Enquanto no Brasil trava-se um duelo político em torno das vacinas contra a covid-19, a Europa traça discretamente os planos para imunizar sua população.
Todos estão avançados, mas atrelados à aprovação pelas autoridades de saúde. Estudos mostram que pouco mais de 50% dos europeus querem ser vacinados. Neste momento, nenhum país fala em torná-la obrigatória.
A Alemanha pode ser um dos primeiros países do bloco a imunizar as pessoas contra a covid-19, segundo projeto do governo em conjunto com uma empresa alemã, informa o The Wall Street Journal.
Isso pode acontecer antes do final do ano, dependendo dos resultados dos ensaios clínicos, agora em seus estágios finais e da aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos, o equivalente da União Europeia à Food and Drug Administration americana.
Os primeiros a receber a vacina seriam profissionais de saúde, idosos, pessoas clinicamente vulneráveis, policiais e cidadãos que enfrentam superlotação. O público em geral só vai ser vacinado vários meses depois.
O país é o lar da farmacêutica BioNTech SE que, em parceria com a Pfizer, foi uma das pioneiras na busca de uma vacina segura e eficaz. A empresa espera submetê-la à aprovação em novembro.
A BioNTech começou a armazenar doses da vacina em um centro de transporte secreto, de onde elas serão levadas aos centros localizados em 16 estados, diz um porta-voz da empresa.
Os efeitos da vacinação serão monitorados de perto e os destinatários solicitados a inserir quaisquer sintomas ou efeitos colaterais em um aplicativo que será lançado, diz o Ministério da Saúde.
Segundo autoridades do governo alemão, levaria cerca de sete meses para vacinar todos na Alemanha que desejassem fazê-lo.
Apenas cerca de 50% dos alemães estariam dispostos a receber uma vacina, de acordo com um estudo do Centro de Economia da Saúde de Hamburgo. Isso reflete números semelhantes em outros países europeus.
“As pessoas que se opõem à vacinação são principalmente aquelas que sentem que sua saúde não está ameaçada pela corona e aqueles que não confiam na política de informação de seu governo”, disse Jonas Schreyögg, chefe do instituto.
OUTROS PAÍSES
Nem todos os governos europeus estão tão avançados. A Itália disse que vacinaria profissionais de saúde, polícia e pessoas com riscos à saúde primeiro, mas o governo ainda não decidiu se distribuirá as vacinas por meio de médicos de família, hospitais ou centros dedicados.
 A Espanha criou um grupo de trabalho de governos centrais e regionais que elaborará a estratégia de vacinação do país. Como na Alemanha, as regiões fiscalizarão a distribuição e manterão um registro nacional de vacinação.
O governo do Reino Unido garantiu acesso a 350 milhões de doses em seis vacinas. Um funcionário do governo disse que o país estava fabricando as vacinas agora para que pudessem ser implantadas quando a aprovação regulatória fosse recebida.
No entanto, esse processo pode levar vários meses, pois os desafios logísticos para adquirir doses suficientes e injetar pessoas são enormes, afirma o jornal.
As autoridades estão trabalhando na criação de locais de vacinação em massa. Na terça-feira (27), Kate Bingham, chefe da Força-Tarefa de Vacinas do governo do Reino Unido, disse que uma vacina pode ser aprovada antes do final do ano e lançada no Natal.
Embora tenha observado ser mais provável no próximo ano. Ela também alertou que o acesso da Grã-Bretanha é limitado pela capacidade de produção do país.
Entenderam, políticos brasileiros?