As fake news e a militância na mídia estão afetando negativamente a imagem do jornalismo. Muitos profissionais, competentes e experientes, colocam sua credibilidade e carreira em jogo, seja para defender as opiniões dos jornais/revistas/sites onde trabalham, ou as suas próprias ideias.
O fato é que são chamados diariamente de mentirosos e ainda desmentidos pelos próprios leitores em suas mídias sociais. Isso quando não viram motivo de piadas. O Twitter, por exemplo, tem uma série de perfis de deboches incluindo alguns nomes até então mais respeitados do jornalismo brasileiro.
Eles usam a mesma foto do profissional e um nome parecido, mas as postagens são fictícias. Algumas hilárias, outras perigosas, porque confundem e são compartilhadas, às vezes, como notícias reais. É preciso ficar atento a tudo o que circula na internet.
Nunca os brasileiros estiveram tão focados na política e no país como nos últimos anos. E nunca estiveram tão irritados com a mídia, que parece ter perdido o seu próprio norte: a imparcialidade. É chamada nas redes sociais de extrema imprensa.
Infelizmente, essa situação bizarra não acontece só no Brasil. Espalhou-se por alguns dos principais jornais do mundo, onde as informações são manipuladas sem o mínimo escrúpulo ou compromisso com a verdade.
Logo depois da posse de Jair Bolsonaro, em Brasília, o prestigiado jornal The Washington Post publicou uma matéria com afirmações pejorativas ao presidente brasileiro, assinada por três funcionários da agência Associated Press, entre eles um repórter brasileiro.
O texto foi ilustrado com uma foto da primeira dama, Michele Bolsonaro, que discursou em libras (a linguagem dos deficientes auditivos), e o jornal afirmou que ela estava fazendo uma “saudação militar”. Era totalmente impossível confundir a cena, passada exaustivamente em todas as TVs do país.
Portanto, além da maldade explícita, houve ainda a desinformação da equipe que cobriu o evento, porque a mulher do presidente é civil e não iria bater continência no parlatório diante das Forças Armadas e dos milhões de brasileiros que acompanhavam a posse. O jornal precisa se retratar porque publicou uma informação falsa.
O próprio presidente continua atuante em suas redes sociais, a exemplo do que fazia na campanha. Ele posta a notícia, escreve embaixo fake news e dá a sua versão do fato. E quem publicou não se retrata – o que é pior!
Aliás, os principais anúncios de seu governo, como nomes de ministros ou as novas resoluções, são dados pelo Twitter de Bolsonaro, dos seus filhos ou dos próprios ministros. Até os generais usam as mídias sociais para esclarecer informações falsas, porque perdem a confiança.
Tudo isso porque em inúmeras ocasiões o que é publicado não condiz com a entrevista ou a declaração dada pelo entrevistado. Eles invertem o sentido das frases, manipulando o conteúdo nos títulos e nos textos. Leitores, ouvintes, telespectadores e internautas se irritam – com razão!
Esse processo me entristece duplamente, porque como jornalista há mais de 30 anos conheço muito bem os bastidores da informação e a produção de conteúdo. E como cidadã, porque ouço uma declaração e, na sequência, leio a mesma manipulada em alguns dos principais portais de jornais e revistas do país – e até do mundo.
O Brasil está começando uma nova e longa jornada. E nestes grandes momentos da história, o papel da imprensa sempre foi fundamental. Se continuar a ser chamada de extrema imprensa ou de lixo, como acontece hoje, não vai sobreviver nestes novos tempos.
Por ética profissional, os jornalistas sérios não podem manipular informações em nome de ideologia política. O seu maior compromisso é com a notícia, que deve ser tratada com imparcialidade.
Ser desmentidos pelos próprios leitores ou sofrer boicotes de audiência significa que a perda da credibilidade é um caminho sem volta – para as empresas que representam e principalmente para as suas carreiras!
#imprensa, #possepresidencial