Ganha um jantar de bordo completo com vinho francês quem acertar a resposta. A cobrança por malas despachadas e o novo peso de 23 kg estabelecido nos voos domésticos para não pagar excesso complicam a vida dos passageiros de avião e pesam no nosso bolso. Voar neste país, além de caro, agora é um estresse.
Seis meses depois da aprovação pela Anac das novas regras para a aviação civil, há ainda confusão na hora do embarque sobre a franquia de bagagem. Muitos passageiros não sabem os preços (eles não estão visíveis no balcão de embarque, como determina a lei), e não entendem por que a franquia de bagagem comprada pelo site da empresa custa R$ 40 e no balcão de check in, o dobro.
Difícil entender mesmo, porque o serviço de despacho de bagagem não foi eliminado (qual a economia para as empresas?) e nem as passagens aéreas tiveram seus preços reduzidos, como prometeram as companhias. As esteiras continuam lotadas de malas pelo simples motivo de que transportá-las não é escolha, mas necessidade. E não há passagem barata neste país.
Resignados, os brasileiros pagam em média R$ 80 para despachar sua primeira mala (as demais têm custo diferenciado). E o que é pior: as companhias já embutem no bilhete o custo desse serviço, como sempre fizeram. Então, existe aí um pagamento duplo. E, como se não bastasse, ainda houve reajuste em algumas tarifas.
A Azul, por exemplo, aumentou recentemente de R$ 30 para R$ 40 a franquia de bagagem pelo site, além de ter promovido aumento nos preços das passagens e nas taxas de cancelamento ou remarcação de voos. Hello, Anac!
Aí, entra em cena o tal “jeitinho brasileiro”. Para economizar, muitos estão embarcando apenas com bagagens de mão e malas de bordo. Só que algumas ultrapassam o peso de 10 kg e o tamanho estipulados pelas novas regras. Não custa nada arriscar, vai que..
Resultado: fila para entrar no avião porque um funcionário fica na porta inspecionando as malas. Muitas não passam no teste e precisam ser levadas para o compartimento de carga de última hora.
No meu último voo doméstico, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, fiquei 10 minutos parada no finger por conta dessa fiscalização de malas. Em determinado momento, a comissária, já nervosa de tanto acomodar bagagens de mão, deu um grito na porta do avião, para o funcionário: “Não cabe mais nada. Breca tudo.”
Claro, quem entrou na frente garantiu o lugar no bagageiro. E quem ficou para trás, saiu no prejuízo. Mesmo que sua maleta de bordo estivesse no padrão, não teria onde acomodá-la. E lá foram todas para o compartimento de carga.
Na volta, presenciei outra situação bizarra: um funcionário da Latam no portão de embarque com uma caixa de papelão de tamanho padrão, “vestindo” as malas de bordo. Se a caixa não se encaixa, sem chance – tipo o sapato da Cinderela, sabe?
Isso derruba completamente o argumento inicial das empresas aéreas de que as novas regras beneficiariam o passageiro que viaja com pouca bagagem, porque ele pagava o mesmo do que aqueles que embarcam com muita e que no exterior as coisas funcionam assim.
Ora… não podemos comparar o Brasil a países de primeiro mundo (aliás, atualmente não dá para compará-lo a lugar nenhum), onde as tarifas são infinitamente mais baratas e pagar para despachar a mala, em alguns casos, entra no custo-benefício. Mas, aqui, a história é outra. O custo-benefício nunca vai para o passageiro.
Além disso, arrumar a mala virou um problema – antes, durante e depois. Em casa, precisamos de uma balança ao lado para acomodar nossos pertences. É um tal de põe-e-tira… o que já causa uma certa tensão. Na volta, não vale mais a pena fazer algumas comprinhas, porque nossos “recuerdos” podem resultar em excesso de bagagem. Se for despachar, tem que pagar também. Então, pra quê trazer?
Ah… tem outro detalhe: algumas empresas não oferecem nem mais uma bala nos voos domésticos. Ficou com sede? O preço da garrafinha de água mineral é de R$ 3 (o dobro do supermercado). Se você quiser tomar um café ou um suco, desembolsará cerca de R$ 6; e por um combo de sanduíche, entre R$ 20 e R$ 24, os mesmos preços extorsivos dos aeroportos. São poucos os que compram – o que não deixa de ser uma forma de protesto. Bem que podiam usar o dinheiro da franquia de bagagem para nos servir pelo menos um copo de água.
Realmente, assassinaram o conceito de hospitalidade, fundamental para quem está em trânsito. Ninguém merece ser tratado assim!!!!
#aviação, #franquiadebagagem