A Revista Época veio a público nesta segunda-feira, 16, pedir desculpas aos leitores pela infame reportagem que envolveu a nora do presidente, Heloísa Bolsonaro, publicada em sua última edição.
Assinada pelo Conselho Editorial do Grupo Globo, com o título Uma explicação necessária, a nota diz que “ÉPOCA se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles.”
A nota diz ainda que “o erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line. Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista.”
Da concepção da pauta à publicação houve uma série de grandes equívocos. Mandar um repórter se passar por gay e paciente para fazer cinco sessões de coaching online com Heloísa, na tentativa de descobrir as suas posições sobre religião e política, extrapolou todos os limites da ética jornalística.
Claro que o jornalismo não está imune a erros, conforme diz a nota. Mas, neste caso houve tempo suficiente para que a revista evitasse a sucessão de erros graves no exercício da profissão.
Afinal, o repórter ficou um mês conversando com a psicóloga e ainda gravou todas as “seções”, ferindo também a ética profissional dela. É claro que sua chefia tinha pleno conhecimento do passo a passo dessa aventura, que não dá para chamar de reportagem.
Nenhum repórter tem autonomia para fazer uma pauta desse teor, envolvendo a família do presidente da República, sem orientação prévia e acompanhamento contínuo de seu editor.
O reconhecimento do erro e o pedido de desculpas aos leitores e a Heloísa Bolsonaro são válidos. Época acertou ao publicar a nota.
Mas, não vai eliminar a repercussão negativa, o arranhão na credibilidade, a indignação da profissional por ter sido exposta injustamente dessa maneira e nem a possibilidade de a revista e o repórter serem responsabilizados na Justiça.
A credibilidade é o maior patrimônio da imprensa. Não dá para brincar de fazer jornalismo, nem mesmo nestes tempos de guerra na comunicação. Que fique a lição!