TOMEI A VACINA, E AGORA? MÉDICO ESCLARECE 10 DAS PRINCIPAIS DÚVIDAS!

    Quem já tomou a vacina pode pegar ou transmitir coronavírus? A doença, para os imunizados, seria menos grave? As vacinas protegem? São muitas perguntas ainda sem respostas.

   Para minimizar tantas incertezas, o médico geneticista David Schlesinger responde aqui algumas das principais dúvidas relacionadas às vacinas.

   Ele é CEO do laboratório Mendelics, responsável pelo desenvolvimento do PARECOVID, o primeiro teste de detecção da covid-19 em amostra de saliva no Brasil.   



É possível transmitir a doença mesmo após estar vacinado? Se sim, poderei transmitir a doença na forma mais grave ou a vacina também ameniza o vírus transmissor?

David – Sim, é possível transmitir a doença mesmo vacinado. Estudos mostram que todas as vacinas reduzem as chances de contrair a doença, assim como reduzem as chances de apresentar sintomas, principalmente na forma mais grave, e reduzem muito a chance de transmissão para outras pessoas, mas não zeram nenhuma dessas possibilidades.

E quais as chances de transmissão depois de ter tomado a vacina?

David – Elas são reduzidas em 90%. Mas, ainda há uma pequena chance de transmissão e mortalidade e, por isso, o uso de máscara, o distanciamento social, lavar as mãos frequentemente, evitar aglomerações e espaços mal ventilados são muito importantes enquanto não tivermos uma parcela muito grande da população imunizada. O uso da máscara não é apenas para se proteger do vírus, mas também os que ainda não estão vacinados. 

Posso receber a vacina logo após ter testado positivo para a doença? Neste caso, estarei protegido dos sintomas graves?

David – Pode, mas não é recomendado que saia de casa se tiver no período infectante. O ideal é esperar passar esta fase para não colocar outras pessoas em risco.

É possível vacinar uma pessoa internada e/ou intubada com a doença?

David – Não. Quando doente, o sistema imunológico da pessoa está comprometido no combate à infecção e vaciná-la nessa situação não traria benefícios.

Após vacinado, quando devo realizar o teste de covid-19?

David – Não há necessidade, a menos que você apresente sintomas, ou precise ir a algum lugar com pessoas não vacinadas. O objetivo é proteger o ambiente. Mas não é preciso testar apenas para saber se foram produzidos anticorpos, porque em média 95% das pessoas produzirão anticorpos após as duas doses da vacina.

Os testes sorológicos que detectam volume de anticorpos, conseguem diferenciar se os anticorpos foram gerados por conta da vacina ou de uma infecção (ativa ou passada)?

David – Há vários tipos de anticorpos contra muitos alvos diferentes. Dependendo do teste, sim, é possível detectar, mas no geral eles vão resultar em positivo ou negativo. A maior parte dos testes sorológicos não consegue detectar o alvo, portanto não há necessidade de testar sorologia depois de vacinado.

Qual teste é mais indicado para detectar o vírus pós vacinação?

David – Tanto o RT-LAMP (saliva) quanto o RT-PCR são eficazes para detectar o vírus. Nós indicamos o RT-LAMP pela facilidade e rapidez no resultado, fatores que contribuem muito para conter a propagação do vírus.

O teste RT-LAMP ou RT-PCR é capaz de detectar alguma variante do vírus? Isso tem interferência após a vacinação?

David – Para detectar qual é a variante é necessário fazer o sequenciamento do material genético do vírus, mas os testes de diagnóstico do Sars-Cov-2 não o fazem, restringindo-se a detectar sua presença na amostra coletada.

Em caso de teste positivo pós vacina, qual a probabilidade de apresentar os sintomas mais graves da doença?

David – Segundo estudos, as vacinas mais aplicadas no Brasil protegem cerca de 95% das manifestações graves da doença.

Se testei positivo após ter sido vacinado, devo procurar um hospital? O que muda no tratamento neste caso?

David – Qualquer pessoa que tenha testado positivo, com sintomas ou não, deve seguir as recomendações do seu médico e do Ministério da Saúde. Deve também fazer isolamento por, pelo menos, 14 dias para diminuir o risco de contaminar outras pessoas; não compartilhar objetos, ficar sozinho em um cômodo e, se possível, com banheiro próprio; caso divida ambientes com outras pessoas, usar máscara e fazer a higienização dos locais com água e sabão, álcool 70% ou água sanitária após o uso.