VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA O VERDADEIRO HALLOWEEN?

 O ser humano tem o hábito de se apropriar das antigas tradições, mudando o seu real significado. Assim, rituais sagrados de grandes civilizações do passado acabaram, ao longo da história, virando folclore, piada, brincadeiras e até baladas, movidas a álcool, máscaras e música eletrônica. É o caso do Halloween, comemorado em 31 de outubro. E que no Brasil foi batizado de Dia das Bruxas

  Todo ano as cenas se repetem: surgem figuras sinistras, outras vestidas de super heróis, com máscaras e capas, especialmente nos Estados Unidos, onde o Halloween é, de fato, uma data super popular. Aqui, também virou uma festa à fantasia.


  Então, eu me questiono: será que as pessoas conhecem o significado real dessa data? Sabem por que a abóbora é um dos principais símbolos do Halloween? 


 As cenas de hoje estão mais para “abobrinhas”…


 O Halloween não nada a ver com fantasmas, vampiros e zumbis ensanguentados, encenando um verdadeiro show de horrores. Para os antigos, nunca foi essa folia macabra. Muito menos é festa à fantasia ou está vinculada a bruxas horripilantes, de narizes pontiagudos e unhas envergadas, cruzando o céu com suas vassouras. Nenhum desses fatores correspondem à verdadeira origem da celebração.

UM RITUAL SAGRADO
 

  Entre 31 de outubro e 1º de novembro, os celtas – que viveram principalmente na Irlanda – realizavam o Samhain, ritual em que comemoravam a temporada de colheitas e a chegada do outono. Eles agradeciam pela fertilidade dos campos e também preparavam a população para os meses mais frios. Esses rituais, entre outros, eram repetidos a cada equinócio, cada qual com um objetivo específico (veja foto acima). 


GOSTOSURAS OU TRAVESSURAS?



  Os povos antigos usavam máscaras para espantar os maus espíritos que, segundos eles, se aproximavam nas longas e escuras noites de inverno. E costumavam oferecer doces para “agradar” a esses seres das trevas e também para protegerem suas crianças. Daí, a origem da frase “gostosuras ou travessuras”?


 A abóbora representa a prosperidade. Tanto que até hoje, os norte-americanos (que conheceram essa tradição com a imigração irlandesa) comemoram a chegada do outono, enfeitando a fachada de suas casas, comércio, canteiros e praças com abóboras, além de outros símbolos ligados aos desejos para uma boa colheita.  

  Quando a Igreja Católica passou a dominar o Ocidente, ela também se apropriou dos rituais sagrados dos antigos. Dessa forma, o Samhain se transformou em uma homenagem aos mártires que não constavam do calendário romano e aos mortos dos familiares. O nome Halloween é derivado da expressão All Hallows Eve, que significa Dia de Todos os Santos

QUEM SÃO AS VERDADEIRAS BRUXAS?


 Não voam, são lindas, sábias, irradiam o amor e curam



   As bruxas não voam, e nunca voaram em vassouras. Participaram da história do mundo, desde o início dos tempos, como mulheres sábias, curandeiras, que irradiavam o amor e praticavam a cura por conhecerem intuitiva e profundamente o poder das ervas. Já nasciam com o dom aguçado da visão e o conhecimento da medicina natural.


 Elas atuavam como parteiras, ajudando no nascimento de milhares de crianças. Faziam as mais diversas cirurgias, usando seus unguentos para anestesiar e aliviar a dor em uma época, permeada por muitas guerras e doenças, em que as pessoas eram operadas com a lâmina de adagas, a sangue frio. 

 

Essas mulheres sabiam como cicatrizar feridas – do corpo e do espírito. As que se dedicavam somente às ervas e à cura eram denominadas feiticeiras (ou curandeiras). E as que conheciam o poder da magia, por dominarem os elementos (água, terra, fogo e ar), eram chamadas de bruxas.


  Muitas atuavam nos dois campos: na cura e na magia. Os homens também possuíam esse dom. Grandes feiticeiros e bruxos deixaram seu legado. E mais: nenhum rei tomava qualquer decisão sem antes consultá-los. Eram pessoas de grande respeito e prestígio na Corte.


ÍSIS, A GRANDE FEITICEIRA

  No Antigo Egito, eram as sacerdotisas e os sacerdotes que protegiam, curavam e, como grandes estrategistas, aconselhavam os faraós, pertencendo à alta hierarquia dos templos.


 Ísis, que não é uma deusa como muitos acreditam, foi a primeira grande feiticeira, que ajudou muito o povo egípcio. Não era uma divindade, mas sim uma mulher que interagia com as pessoas, sendo a grã-mestre das sacerdotisas, iniciadas em seus templos. Ísis deixou como legado o verdadeiro conhecimento. Com ela, iniciou-se a ciência e a arte da magia.  

 Portanto, bruxos e bruxas estiveram presentes em todas as civilizações, atuando como médicos dos reis e de seus familiares. Foram cientistas ancestrais e através dos seus laboratórios, instalados nas florestas, surgiram inúmeros medicamentos. Ocorre que os homens, ao longo dos séculos, foram se apropriando das essências que eles criavam para produzir remédios.
    

QUEBRANDO O PRECONCEITO

    Mas, então, você pode questionar: de onde surgiram todos esses estereótipos tão enraizados na história contemporânea, vinculando essas pessoas (de grande sabedoria e poder) somente ao mal ou aos adivinhadores? Se bruxas e magos foram alguns dos maiores cientistas ancestrais, por que acabaram transformados em seres horripilantes depois de tanto contribuírem para a evolução do planeta?  

   Primeiro, pela própria Igreja Católica que associou esses homens e mulheres, de grande evolução mental e espiritual, ao demônio, igualmente sinônimo de mal. Na Idade Média e no tempo das Cruzadas, foram perseguidos, presos e queimados em fogueiras, sofrendo os mais variados tipos de atrocidades. Os corpos foram violentados, viraram pó, mas a Inquisição não conseguiu transformar seu conhecimento em cinzas.

 A INFLUÊNCIA DE HOLLYWOOD

 

No século 20, não tinha mais “caça às bruxas”. Mas foi a vez de o cinema se apropriar das antigas tradições de templos e reinos, usando criaturas fictícias, para dar mais ênfase aos filmes. 

 A partir dos anos 1960, Walt Disney criou o seu reino mágico com centenas de personagens encantados, entre eles as bruxas más que voavam em vassouras, levavam Branca de Neve a morder a maçã envenenada, que usavam a magia para manter-se jovens eternamente e colocavam em sono profundo a bela adormecida. 

  Mas, reparem, que sempre existia uma “bruxa do bem”, tanto nos contos infantis quanto nos filmes da Disney, para proteger os heróis e heroínas na luta contra as trevas. A fada madrinha transformou uma abóbora (olha a abóbora novamente!) em carruagem para Cinderela ir ao encontro do príncipe.

 Porém, a apropriação mais indébita do Samhain surgiu nos anos 1970, quando Hollywood, em inúmeros filmes, associou o Halloween ao terror, criando monstros e toda variedade de zumbis. De lá pra cá, essa errônea visão só ganhou reforço. 

 Porém, no século 21, na refilmagem de Malévola – com a brilhante interpretação de Angelina Jolie – a magia verdadeira voltou a se manifestar na ficção. E Malévola venceu o mal com o amor do seu coração. Aliás, como faz uma verdadeira bruxa. O resto é folclore e um esoterismo sem qualquer base científica!

 Pense nisso antes de vestir a sua fantasia no Halloween ou encher a casa de abóboras…sem saber exatamente o que está fazendo.
  
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